Estreias

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Crítica - 'Under The Silver Lake'



   O diretor David Robert Mitchell conquistou sua devida atenção e prestigio na sétima arte; e não é pra menos, afinal há de se reconhecer sua contribuição por presentear a todos com um dos melhores filmes de terror da década, o ótimo ‘Corrente do Mal’ (2014). Com a expectativa lá em cima após a notícia de seu próximo projeto intitulado ‘Under The Silver Lake’, o cineasta e roteirista não mantém o mesmo nível de excelência de seu precursor.       

    A trama acompanha o  jovem Sam (Andrew Garfield), um sujeito despreocupado com a vida, sem motivações ou responsabilidades. Sua monotonia é rompida quando estranha o desaparecimento da noite para o dia de sua bela vizinha (Riley Keough), partindo para uma investigação cheia de mensagens subliminares, teorias da conspiração e insanidades.

   A princípio ‘Under The Silver Lake’ chama atenção do público pela sua ótima premissa, porém isso é apenas um décimo da trama. O roteiro de Mitchell não se prende a um fato, mas nos apresenta inúmeras peças para então montarmos esse quebra-cabeça, que no fim parece não ter pé nem cabeça. Há um matador de cachorros na redondeza, símbolos antiquados, números, histórias folclóricas, mensagens ocultas nas músicas e muitas referências à cultura pop.




  Em meio à todas essas mensagens subliminares, a direção de Robert Mitchell idealiza um mundo onírico/fantasioso com a realidade. Não estamos diante da genialidade das obras de David Lynch, e muitas das informações jogadas ao longo da trama acabam sendo soltas demais, ou não tem um forte impacto narrativo. Em defesa do cineasta, o clima neo-noir somado ao senso de paranoia e personagens creepy, prendem a atenção do público até o fim dos desdobramentos da investigação. Mas não é só por isso que ‘Under The Silver Lake’ se sustenta. A crítica à cultura pop é muito bem representada e escancarada ao retratar o egoísmo dos artistas em pensar no dinheiro e fama, ao invés de dar atenção àqueles que apreciam. Exige paciência e atenção do espectador em decifrar as mensagens ocultas. E por fim, o ótimo design de produção condizente com a atmosfera surrealista.

   Com boas doses da câmera subjetiva e objetiva, Mitchell capta a essência da trama colocando o espectador na pele do protagonista. A sensação é de estarmos perdidos junto com Sam na investigação, assim como a atuação decepcionante de Andrew Garfield. Já o elenco de apoio são todos subutilizados e não merecem menção honrosa.      

   A mensagem final de ‘Under The Silver Lake’ pode gerar diferentes interpretações. Se você é daqueles que não gosta de filmes complicados, metafóricos e que não oferecem respostas pra tudo, este não é seu filme. Porém, se você gosta de desafios e finais dúbios. Desejo bom proveito.


NOTA: 7,0

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