Estreias

terça-feira, 18 de abril de 2017

Crítica - 'Velozes e Furiosos 8'


    O show de exageros está de volta em ‘Velozes e Furiosos 8’. Desde o quinto episodio, situado no Rio de Janeiro, a cinessérie reencontrou sua autêntica essência: o tom burlesco de não se levar a sério. E nesse contexto, a franquia vem superando a cada lançamento, entregando cenas de ações mais escapistas possíveis, tornando-se uma verdadeira comédia de absurdos.     

   Nesse novo episódio, Dominic Torreto (Vin Diesel) é forçado a trair sua equipe quando a ciberterrorista, Cipher (Charlize Theron) usa um forte motivo para incentivar Dom a entrar em seu time. Sem entender a razão de Torreto deixá-los, Hobbs (Dwayne Johnson), Tej (Ludacris), Letty (Michelle Rodriguez) unem forças para resgatar seu antigo companheiro.    

  Como de costume, ‘Velozes e Furiosos’ segue seu padrão de uma história abatida e novas seqüências megalomaníacas.  Não que isso seja um problema, muito pelo contrário. O filme conhece seu propósito e busca esses elementos para entreter o público, principalmente, seus fãs. E seu resultado, mais uma vez, surpreende, com altas chacotas para estabelecer suas cenas de ações mais absurdas possíveis. Chegamos ao ponto de um submarino perseguindo carros no gelo, e uma cena de pancadaria envolvendo um bebê.           
    
   Sem as pirotecnias de James Wan em ‘Velozes e Furiosos 7’, a direção assinada Gary Gray concede um ritmo energético do inicio ao fim da produção, e dirige com excelência as exageradas cenas de ação deixando-as mais divertidas e ao mesmo tempo sendo autoconsciente. Dito isso, a franquia vem melhorando cada vez mais seus recursos técnicos não se limitando apenas a rachas.      

   O grande revés da franquia continua sendo seu elenco. Mesmo apresentando uma ótima química de todos os personagens, poucos têm credibilidade como atores. Vin Diesel carece de carisma, limitado a sua única expressão facial, prejudicando a produção, tornando todas as cenas com ele verdadeiras tragédias. Ao contrario, Dwayne Johnsson e Tyrese Gibson têm carisma de sobra, este último servindo como o alivio cômico dentro de uma obra que, por si só, já é um alívio cômico, mas mesmo assim o ator garante boas risadas.      

  Do outro lado da moeda, a antagonista não poderia ser diferente dos clichês do gênero, e Charlize Theron mesmo limitada a ficar atrás de uma tela de computador convence como uma imponente vilã e peitando caras como o ‘The Rock’ e Vin Diesel. Cenas que também merecem destaque é a cômica rivalidade entre o britânico Jason Statham e Dwayne Johnsson, seja pela verborragia ou pela conduta. 

  ‘Velozes e Furiosos 8’ tem tudo para agradar seus fãs e para aqueles que buscam diversão escapistas envolto de uma história banal. Em outras palavras, não procure algo complexo aqui, apenas desligue seu cérebro e se deixar levar.                                                                                                                                                                                                          
 
NOTA: 7,0


domingo, 16 de abril de 2017

Crítica - '13 Reasons Why'


   É incontestável a tamanha relevância de ’13 Reason Why’ nos dias atuais. O sucesso bombástico da série, principalmente pela mobilização de milhões de pessoas através das redes sociais, não é à toa. Abordando questões pertinentes tanto no mundo adolescente quanto no mundo adulto na sociedade contemporânea, a série é um convite a conscientização e a novas reflexões.             

  Adaptado da obra de Jay Asher, a trama acompanha Clay Jensen (Dylan Minnette), um adolescente que recebe uma caixa contendo treze fitas gravadas por Hannah Baker (Katherine Langford), sua amiga e antiga paixão de escola, alegando os seus trezes motivos que a levaram a cometer suicídio.                

  Temas contundentes e ao mesmo tempo necessários permeiam ao longo de todos os episódios de ’13 Reason Why’. Adaptado pelo próprio Jay Asher junto com o criador Brian Yorkey, o roteiro foca no personagem Clay para nos levar a essa viagem pelo passado e presente datando os trezes motivos de Hannah.  Diante dessas situações, a estrutura narrativa não consegue trabalhar a fundo a personalidade do personagem principal, e sim, vemos ele se desgastando a medida que um motivo é revelado.                       

  Diante desse artifício do roteiro, a atuação de Dylan Minnette está excelente transmitindo todo o peso emocional do personagem e seu sentimento de culpa. Outro ponto de destaque nesse processo, e o ótimo trabalho de montagem e uma edição inventiva, transitando perfeitamente entre o passado e o presente, seja pelo match cut, ou através da manipulação da luz, filtros nas diferentes tonalidades da fotografia.                     



    Com sua história envolvente, ‘13 Reason Why’ manipula com excelência a ansiedade do espectador para um novo episódio. Sempre ficamos intrigados com o conteúdo de cada fita, pelo fato da série sempre insistir em repetir seus diálogos sobre tal acontecimento na fita ‘x’. Porém, existem muitas cenas desnecessárias, tramas irrelevantes a narrativa, principalmente na metade da produção. Podendo facilmente ter dez episódios, ou menos, de quarenta minutos cada. 

   Outro motivo da presença de episódios arrastados é no roteiro centrar em apontar os culpados por trás dos crimes e não o crime em si. Apesar da série ter como objetivo criar um suspense em cima dos motivos dos personagens, aqui passa uma idéia errada de uma história de vingança – a protagonista também machuca quem a machucou. E essa questão só agrava quando contemplamos todos os impasses vivenciados pelos personagens secundários, retratando temas relevantes de maneira superficial, são: a mãe de Justin viciada em drogas, o conceito de sexualidade envolvendo a Courtney e o retrato do pai de Alex.                
  É claro todos devem ser culpados pelos crimes que cometeram e compreender o quão terríveis são seus atos, mas suas realidades são muito mais pesadas e problemáticas. Falando em problemas, boa parte dos atores secundários são fraquíssimos com o caso de Alex, Dempsey e Marcus. Já a atriz Langford consegue transmitir toda sua depressão, solidão, ingenuidade, e o personagem Tony é um dos mais interessantes na trama. 

  Com uma concepção envolvente, ’13 Reason Why’ apodera-se não pelo seu valor de entretenimento, mas sim em levantar questões acerca de assuntos densos, impiedosos e   libidinosos que rodeiam os jovens nos dias de hoje. Temas como bullying, abuso sexual, verbal e físico, suicídio, autoridade parental, o papel da escola sobre os alunos, alcoolismo, machismo, depressão e amizade, permeiam ao longo de todos os episódios, por mais que a maioria seja tratado de forma superficial.  

    ’13 Reason Why’ tem o intuito de mostrar os grandes problemas vivenciados pelos jovens, a conscientizar o quanto uma atitude errada pode influenciar a vida de uma pessoa, estende a mão para quem precisa encorajando as pessoas a falar seus sofrimentos, mas também pode acarretar uma segunda interpretação, passando uma idéia errada.         


                               NOTA: 6,2                                                       

terça-feira, 11 de abril de 2017

Crítica - 'Mean Dreams'


    Quando vemos Bill Paxton em tela em ‘Mean Dreams’ é impossível não se emocionar. Dedico este primeiro parágrafo a belíssima carreira construída pelo ator, conhecido pelos ótimos filmes ‘Titanic’, ‘Alien, O 8º Passageiro’ e ‘Apollo 13’, que infelizmente nos deixou recentemente. O cinema não será o mesmo sem você.        

  A trama acompanha Jonas Ford (Josh Wiggins), um garoto de quinze anos que começa a criar laços afetivos com sua nova vizinha Caraway (Sophie Nelisse). Assustado com o comportamento agressivo do pai da menina, Wayne (Bill Paxton), ele resolve segui-lo e rouba uma mala cheia de dinheiro conseguido ilicitamente por Wayne, e não demora muito para ele e sua amada fugirem com o policial corrupto a sua cola.
 
   A direção assinada por Nathan Morlando é eficaz em apresentar as diferentes relações da família Ford e Caraway e em como isso afeta o comportamento das duas crianças. Infelizmente, o breve retrato parental não permite ao público uma maior empatia pelo personagem Jonas, diferente de Casey assombrada pelos atos de seu pai em seu passado. Entretanto, ‘Mean Dreams’ perde sua força com diálogos expositivos sobre tais acontecimentos.         

  No quesito técnico, Morlando mostrou-se eficiente em trazer diferentes tomadas para retratar os passados dos personagens utilizando uma fotografia a base de tons acinzentados, planos abertos valorizando os cenários e uma trilha sonora ditando o ritmo do filme acentuando o suspense.    

   Com boas atuações do casal adolescente interpretados por Wiggins e Nelisse, e a forte presença de Paxton em seu policial corrupto e odiado por todos. ‘Mean Dreams’ é um bom suspense que perde seu ímpeto em tentar inserir subtramas pouco relevante, mas não deixa de ser uma bela despedida de Bill Paxton. 

NOTA: 6,5