Estreias

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Crítica - 'O Coringa (2019)'


  As severas críticas implicadas nas últimas produções da DC criou certo receio sobre a futura trajetória de seu Universo no mundo cinematográfico.  Sem grandes exibições e sem aquele frenesi pelos fãs, muito se discutia a qualidade, a visibilidade, a bilheteria e até mesmo a rivalidade com seu concorrente. Entretanto, quando a Estúdio resolve acertar o resultado é uma verdadeira obra-prima e o mesmo se aplica em ‘Coringa (2019)’. 

   A trama acompanha a trágica e injustiçada vida de Arhur Fleck (Joaquin Phoenix) até o processo de se transformar no criminoso mais perverso de Gotham City, o Coringa. Nesse decurso, a direção assinada por Todd Phillips (conhecido pela boa comédia ‘Se Beber Não Case’) deixa de lado o furor das sequencias de ações, o humor despretensioso e as cores vibrantes da maioria dos filmes de super-heróis, para aprofundar sua obra em um verdadeiro estudo de personagem.

   A densa, melancólica e suja cidade de Gotham City é o prefácio perfeito da conduta atual de Arthur Fleck. Aspirante a comediante e não aceito pela sociedade devido ao seu incomum distúrbio, o vazio e desanimo do protagonista ganham fortes proporções à medida que acompanhamos sua rotina. Nessas circunstâncias, a direção de Phillips concede um ótimo controle do tom e do ritmo narrativo, provocando a crescente emancipação do caos e o desconforto aos olhos da plateia. 

   Para tal feito, Phillips manipula a câmera com maestria realçando a alucinação do protagonista (com close-ups), o real do fictício (flashbacks), o caos (grande angular), gravações em TV. A influência das cores – tons azuis de Arthur Fleck para tons alegres do Coringa -, bem como a trilha sonora enervante e o constante som ambiente.                           
   
   E no centro de todo o caos está ele, o Coringa, ou melhor, Joaquin Phoenix. A atuação visceral do ator tanto como O Coringa e como Arthur Fleck beira a perfeição, transmitindo toda a sua angústia, insegurança, desânimo imposto pelas injustiças sociais à loucura de um vilão sádico e excêntrico. Sua postura, seus diálogos e sua incontrolável risada é um deleite aos fãs - sua performance merece ser no mínimo indicado a premiações. Quem também merece créditos é Robert De Niro na pele do entrevistador Murray Franklin. 

  ‘O Coringa’ não é apenas um filme sobre um vilão destemido e perverso, mas desfruta de temas importantes nos dias atuais sobre privilégios, luta de classe, desestruturação e negligência familiar, preconceito e distúrbios mentais. Diferente das histórias de super-heróis, Todd Phillips e Joaquin Phoenix selaram seus nomes para sempre na história do cinema.        


                        NOTA: 10                       


Nenhum comentário :

Postar um comentário