Estreias

domingo, 11 de agosto de 2019

Crítica - 'Nós (Us,2019)'



 Custou apenas um filme como diretor para Jordan Peele colocar seu nome nos holofotes. Com o sucesso do ótimo ‘Corra (2017)’ o qual rendeu o prêmio de melhor roteiro original no Oscar, Peele retorna ao gênero do horror desmentindo a imagem de sorte de principiante, e sim provando ser um cineasta diferente dos demais em sua nova longa-metragem, ‘Nós’.            

  A trama acompanha as férias da família Wilson composta pelo pai (Winston Duke), a mãe (Lupita Nyong’o) o filho (Evan Alex) e a filha (Shahadi Wright) na casa de praia em Santa Cruz, EUA. Porém, o caos é instaurado quando versões malignas de seus integrantes começam a aterrorizá-los.     

 Aparentemente pode parecer uma simples trama, mas o cineasta Jordan Peele subverte a expectativa do espectador a todo o momento aproveitando os diferentes subgêneros originados do horror. Seguindo as tendências clássicas do gênero acompanhando as férias de uma família até a chegada dos intrusos, a trama indicava ser um home invasion. Porém a cada um novo elemento inserido, contemplamos o slasher, o mistério, o macabro, as alegorias e quando finalmente pensamos qual caminho a estória trilhará; o roteiro de Peele nos surpreende.      

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  Tais subversões também se aplicam as técnicas cinematográficas de Peele. A começar pelos seus movimentos de câmera causando nervosismo no espectador a espera de algo, porém o medo esta voltado em nossas mentes e não nas telas.  Outro ponto está em sua genial montagem revisitando certas cenas em diferente ponto de vista e no surpreende confronto final, associando a dança com a trilha minimalista (relembra a cena de Suspiria de 2018).   

   No centro das duas versões está a visceral atuação de Lupita Nyong’o. Enquanto ela carrega toda a tensão, transmite o medo e também a coragem. Seu lado sombrio apresenta uma fisicalidade e uma voz de arrepiar – não seria exagero ver a atriz indicada a futuras premiações. O mesmo pode se dizer de Shahadi Wright com aquele sorrisinho de sua versão maligna. Já Winston Duke é o personagem mais boa praça (mesmo que algumas de suas piadas quebra a tensão) e mais vulnerável da família (quebrando estereótipos).

    Intrigante, tenso, subversivo e alegórico, ‘Nós’ aproveita os diferentes subgêneros do horror para trazer algo novo e nos convida a pensar e rever sua real mensagem, após seu emblemático grand finale.  


NOTA: 9,0