Ahh... se o cinema tivesse mais produções no estilo ‘Ready
or Not’ ... tudo seria muito mais divertido. Estranho mencionar a palavra
divertir dentro de um contexto majoritariamente assustador, porém é este o
grande diferencial da obra dos cineastas Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillet.
Casando com maestria a comédia com o terror - caro leitor, bem vindo a melhor
comédia de terror dos últimos anos.
A noite de casamento do apaixonado casal Grace (Samara
Weaving) e Alex Le Domas (Mark O’Brien) ganham proporções sinistras quando a
noiva é convidada a participar de um jogo aparentemente divertido cumprindo a
tradição familiar de seu marido, para enfim ser oficialmente aceita como uma
nova integrante. Mas o que ela não sabe é dos perigos por trás da tal
brincadeira estabelecida há muitos anos pelos ancestrais da família Le Domas.
A boa premissa é o ponto de partida perfeito para chamar a
atenção de qualquer espectador. Por mais insano que pareça ser, os diretores
Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillet conduzem a narrativa com certa
naturalidade e parte de um prefácio aparentemente sério, porém chocante,
contemplando arrojados movimentos de câmera, com direito até a alguns planos-sequência. Mais tarde o tom
se torna perfeito, entrelaçando o horror pela luta da sobrevivência com o humor
irreverente e politicamente incorreto, reservando momentos deliciosamente
cômicos e bizarros. O mesmo se aplica a
proposta do design de produção , anacrônica, brincando com a diferença
cronológica do cenário ambientado em uma mansão vistosa e secular , bem como os
figurinos característicos de cada personagem e as armas em contraposição com
utensílios super modernos vistos na atualidade.
Enfim chegamos a cereja do bolo de ‘Ready or Not’ : os
integrantes da família Le Domas e a atuação impecável de Samara Weaving. Os
diretores oferecem tempo de tela para que cada personagem demonstre seus
traços, motivações, irreverências, importante para as reviravoltas, com
destaque a Nicky Guadagni, a tia demoníaca, e Andie MacDowell, a matriarca.
Mas, o show fica por conta de Weaving transmitindo todo o pavor em cada cena, e
o mais importante, nós torcemos por ela e vibramos por cada ato impiedoso
seu.
Apesar do último ato soar apressado e cair em alguns clichês
do gênero, 'Ready or Not’ é a grande revelação do ano, se torna um bom exemplar
dentro de sua proposta, e ao final deixa o irresistível gostinho de quero mais.
NOTA: 7,8