Estreias

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Crítica - 'Parasita (Parasite,2019)'



    Elogiar o cinema sul-coreano se tornou algo corriqueiro nos dias atuais. Há uma vasta gama de excelentes produções lançadas nos últimos anos e no mínimo um deles é mencionado nas listas dos dez melhores. Agora em 2019, a bola da vez é ‘Parasita’ – vencedor do Festival de Cannes -, além de ser forte concorrente a estar na categoria de ‘Melhor Filme’ no Oscar 2020 com total mérito.    

 Na trama, o jovem Ki-Woo (Woo-sik Choi) é recomendado por um amigo a dar aula de inglês para a garota Da-hye Park (Ji-so Jung), uma garota nascida em berço de ouro onde tem tudo do bom e do melhor.  Diferente de seu padrão social e fascinado com a vida luxuosa da família Park, Ki-Woo, seus pais e sua irmã elaboram um plano para se infiltrar na casa dos magnatas, porém muitas surpresas os aguardam lá dentro.

    O renomado cineasta Bong Joon Ho (conhecido pelos muito bons ‘Expresso do Amanhã’, ‘Mother – A Busca pela Verdade’, ‘O Hospedeiro’ e o excelente ‘Memórias de um Assassino’) imprime uma visão até de certa forma caricatural das classes sociais e as transformam como verdadeiras moralizações ao desenrolar da trama. Se de um lado os ricos são ingênuos, bondosos e acomodados em seu padrão de vida, a pobreza da família de Ki-Woo induz a malandragem, a malícia e nesse cenário o conflito está instaurado em ‘Parasita’. 
 
   Se de um lado falta esperteza, do outro sobra. Nesse jogo, o cineasta Joon Ho transita perfeitamente entre gêneros com tamanho equilíbrio e energia, sendo capaz de compor atmosferas claras, possibilitando a união do espectador à estória. Principalmente, ao retratar com muito bom humor as pequenas falcatruas da família Kim em função da criatividade - mesmo pelos motivos errados. Afinal, ‘Parasita’ adota tons sombrios em sua segunda metade, provando de ótimas reviravoltas, divergências, a prontidão entre as diferenças e injustiças sociais, um clímax sangrento e o humor ácido em meio a todo esse caos.           

   Nesse jogo de contraposição diferindo de imagens alegóricas no retrato das duas diferentes classes e gerando reflexões sobre aqueles que culpam um sistema sem olhar o próprio umbigo. ‘Parasita’ é original, sarcástico, tenso, surpreendente, metafórico, denuncia a desigualdade social endêmica dos dias atuais e Joon Ho entrega o melhor do filme de sua carreira ao lado de ‘Memórias de um Assassino’.
 

NOTA: 9,4


      
 

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