Após
nove anos, Wes Anderson retorna ao mundo da animação em grande estilo em ‘Ilha
dos Cachorros’. Conhecido pelo seu caráter peculiar, o cineasta conhecido pelos
ótimos filmes ‘O Grande Hotel Budapeste’, ‘Os Excêntricos Tenenbaums’ e ‘O
Fantástico Sr. Raposo’, este ultimo sua única animação. Repete seu requinte
autoral que o consagrou em uma trama original, relevante e oportuna nos dias
atuais.
‘Ilha
dos Cachorros’ narra a história do tirano prefeito da cidade de Megasaki,
Kobayashi, que adotou uma severa medida em proibir os cachorros de morarem no
local, transportando todos a uma ilha vizinha repleto de lixo. Em meio a esse
caos, o pequeno garoto Atari embarca em uma aventura para encontrar seu
cachorro Spots.
A
direção assinada por Wes Anderson novamente chama a atenção com seu estilo
autoral. A simetria dos planos, os
movimentos verticais e horizontais da câmera, os pequenos detalhes na
construção das diferentes locações e agora com a maior presença da cultura
japonesa, estão todos presentes em ‘Ilha dos Cachorros’. Sua narrativa também
não foge de seus padrões com toques de um humor inteligente e personagens com
fortes personalidades.
Não
apenas isso, o roteiro também com a assinatura de Anderson apresenta subtextos
ricos, críticos e metafóricos. A começar pelo contexto político e social
abrangendo o sectarismo, o regime político, o preconceito, a xenofobia e o
valor da cultura. Esta última representada perfeitamente pela japonesa e
concedendo uma linguagem diferente daquela praticada pelos cachorros, o inglês.
Tal dicotomia reforça o dialeto próprio de cada espécie (não considerei nenhuma
polêmica a respeito da apropriação cultural discutida por muitos).
A
animação também não foge da elegância com criações de mundos fascinantes e uma
aventura divertida. Todos os cachorros têm suas características marcantes, e as
vozes dos atores Bryan Cranston (Chief), Edward Norton (Rex), Bill Murray
(Boss) e Jeff Goldblum (Duke) são excelentes. Abaixo deles, Atari não dispõe de
muito carisma e não sentimos os seus sentimentos pelo seu melhor amigo, o
cachorro Spots.
Sem
aquele toque Pixar ao tratar com veemência o sentimentalismo, ‘Ilha dos
Cachorros’ é uma animação divertida, original, elegante, oportuna nos dias
atuais e atinge o público de todas as idades.
NOTA: 8,2