Era
uma vez... Tarantino! Somado em seu currículo nove invejáveis filmes e
porventura seu penúltimo. O cineasta conquistou uma legião de fãs ao criar sua
própria identidade cinematográfica gerando para si uma grande expectativa
entorno de suas produções. Felizmente, Quentin Tarantino nunca decepcionou e
dessa vez, apresenta seu projeto mais maduro em ‘Era uma Vez em... Hollywood’.
Ambientado
no final da década de 60, em Los Angeles. A trama acompanha o ator Rick Dalton
(Leonardo DiCaprio), seu dublê e assistente pessoal Cliff Booth (Brad Pitt) e a
atriz pouca conhecida, Sharon Tate (Margot Robbie) dispostos a fazer o nome em
Hollywood. Vizinha de Dalton, Tate é brutalmente assassinada pelas mãos da
Familia Manson, uma seita de jovens maníacos, seguidores de Charles Manson.
Frequente nos filmes de Tarantino, sua marca registrada está novamente presente em ‘Era
uma Vez em... Hollywood’. O diálogo perspicaz, a verborragia ostensiva, a
violência, a referência aos filmes clássicos e uma linguagem cinematográfica
multifacetada. A riqueza nos detalhes, os mais variados enquadramentos – crane
shot, plano holandês, contra-plongéé, plano detalhe -, jump cut, flashback
especulativo, edição irregular cumprem o seu propósito narrativo tornando o
cotidiano dos personagens interessante ao público.
Digo
isso, pois temos um Tarantino mais contemplativo que acompanha as diferentes
vivências de seus personagens principais sem pressa durante quase duas horas e
quarenta minutos de produção. Diante disso, Tarantino consegue o que nenhum
outro diretor conseguiria: abraçar as trivialidades do cotidiano tornando-as cativantes
ao espectador e em constante crescimento à narrativa. Nesse contexto, a
perfeita reconstrução de época (sem CGI) e a fotografia natural facilita a
imersão do público, no intuito da duração não pesar como aparenta e vivenciarmos
o valor do cinema e suas consequências na Hollywood, dos anos 60.

O filme também brinca com a
metalinguagem cinematográfica reservando
momentos icônicos e cativantes para o público. Seja na ótima presença de Bruce
Lee, o diálogo afiado de Rick Dalton e a pequena Trudi (Julia Butters), o humor
subversivo e a aura de Sharon Tate. E tudo capturado nos olhos de um grande
cineasta provando o quanto é um apaixonado pela sétima arte.
‘Era uma Vez em... Hollywood’ faz uma bela
homenagem a Era Dourada de Hollywood e a Sharon Tate, além de subverter nossas
expectativas entregando um final simplesmente, genial.
NOTA: 9,3
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