Estreias

sábado, 25 de abril de 2020

Crítica - 'O Segundo Cordeiro'


   De uns anos para cá, o gênero terror se reinventou e voltou a ganhar notoriedade no cenário atual. Com uma safra de ótimos filmes de diferentes subcategorias como o psicológico em ‘A Bruxa’, o sobrenatural de ‘Invocação do Mal’, o sensorial de ‘Midssomar’ e o cósmico em ‘O Farol’, abriu caminho para um futuro promissor. Em meio a essa nova leva do Pós-Terror surge o controverso, ‘O Segundo Cordeiro’. 

   A trama acompanha Selah (Raffey Cassidy), uma jovem nascida e criada dentro de um culto feminino liderado pelo pastor Shepherd (Michiel Huisman), que começa a questionar  sua criação e o ambiente em que se encontra.     

     A direção assinada pelo polonês Malgorzata Szumowska soma elementos narrativos da série ‘The Handmaid’s Tale’ e a atmosfera de ‘A Bruxa’ e constrói sua obra com um apuro técnico invejável e apoiando-se no terror contemplativo. Provando de vários enquadramentos como o plano detalhe com o suave movimento de câmera, o bom e eficiente uso do contra-plongéé usado em diferentes ocasiões, a adição do zoom in causando paranoia, a inserção de focar e desfocar um mesmo plano e a grande angular denotando o ambiente denso das florestas somado a profundidade de campo situando os personagens centralizados ou no primeiro terço da tela.  Resulta em uma cinematografia assustadoramente belíssima e requintada tornando cada frame uma verdadeira pintura.

  Porém, se tecnicamente ‘O Segundo Cordeiro’ é irretocável o mesmo não pode se dizer de seu roteiro. A história não explora todos os seus personagens e pouco vai além de sua própria sinopse. Basta notar as atuações de Michiel Huisman e Raffey Cassidy que mesmo sendo muito boas conforme foi estabelecido, ambos não tem material suficiente para criar camadas em seus respectivos papeis. Diferentemente de Sarah (Denise Gough ótima em cena) que é a personagem mais interessante da trama ao lidar com emoções mais complexas como, sua luta contra as decisões de Shepherd, bem como o desamparo e desgosto sob seu olhar do patriarcado tomar vantagens em cima das mulheres.   
 
 Entrando para a nova safra do Pós-Terror tendendo ao psicológico e contemplativo envolto de uma temática forte a respeito do quão preocupante a influência do patriarcado pode gerar a vida das mulheres. ‘O Segundo Cordeiro’ tinha todos os elementos para ser o novo clássico do cinema e gerar discussões envolto de seu tema, porém não o faz e  apoia-se em  apuros técnicos e visuais.

NOTA: 6,9

sábado, 18 de abril de 2020

Crítica - 'Magnatas do Crime'


   Após algum tempo afastado do mundo dos crimes, Guy Ritchie retoma a sua assinatura autoral em grande estilo como nos bons e velhos tempos. Sua identidade cinematográfica marcante desde a sua estreia no ótimo ‘Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes’ e, posteriormente em ‘Snatch: Porcos e Diamantes’ conquistou milhares de fãs ao redor do mundo. Sem sucesso em suas últimas produções com maior apelo comercial, o cineasta volta as suas origens e surpreende em ‘Magnatas do Crime’. 

   Sua autoria é notada logo de cara ao sugerir a metalinguagem como o combustível para a narrativa central via um roteiro que o personagem Fletcher (Hugh Grant) tenta vender para Ray (Charlie Hunnam), o fiel colega de trabalho do mafioso Michael Pearson (Matthew McConagey). Por sua vez, Pearson buscar se aposentar das noites de crimes e vender o seu bem sucedido império de maconha para os bilionários de Oklahoma.       

   O roteiro também assinado por Guy Ritchie é mais uma daquelas suas estórias aparentemente complexas contando inúmeros personagens marcantes, diálogos afiados, linguagem colorida, saltos temporais e reviravoltas de cair o queixo. Seguindo o seu estilo tão bem conhecido, o cineasta recicla bons momentos de seus antigos projetos e por mais que alguns possam o criticar por essa circunstancias de repetir seu feito em suas produções passadas. Quer saber? Funciona! E funciona tão bem que surpreendentemente entrega um dos melhores filmes de sua carreira.         

   Quem é pouco familiarizado, o primeiro ato pode parecer confuso com a inserção de vários personagens e o linguajar frenético de Fletcher contextualizando seu ponto de vista a Ray. Porém, aos poucos começamos a simpatizar e compreender as motivações de cada um dos envolvidos da máfia e quando menos esperamos, já nos acostumamos com o ritmo e a edição empolgantes de Ritchie. Aliás, o motivo para tamanha conquista do espectador está nas excelentes interpretações do trio Hugh Grant,  Charlie Hunnam e Matthew McConagey tornando seus respectivos personagens marcantes cada um com suas peculiaridades distintas e bem definidas.

   Navegando por diferentes gêneros de crime, ação, comédia e cheio de reviravoltas. ‘Magnatas do Crime’ é empolgante, tem um bom valor de entretenimento e marca o retorno triunfante a essência de Guy Ritchie. 
 

NOTA: 8,0