De
uns anos para cá, o gênero terror se reinventou e voltou a ganhar notoriedade
no cenário atual. Com uma safra de ótimos filmes de diferentes subcategorias
como o psicológico em ‘A Bruxa’, o sobrenatural de ‘Invocação do Mal’, o
sensorial de ‘Midssomar’ e o cósmico em ‘O Farol’, abriu caminho para um futuro
promissor. Em meio a essa nova leva do Pós-Terror surge o controverso, ‘O
Segundo Cordeiro’.
A
trama acompanha Selah (Raffey Cassidy), uma jovem nascida e criada dentro de um
culto feminino liderado pelo pastor Shepherd (Michiel Huisman), que começa a
questionar sua criação e o
ambiente em que se encontra.
A
direção assinada pelo polonês Malgorzata Szumowska soma elementos narrativos da série ‘The Handmaid’s Tale’ e a atmosfera
de ‘A Bruxa’ e constrói sua obra com um apuro técnico invejável e apoiando-se
no terror contemplativo. Provando de vários enquadramentos como o plano detalhe
com o suave movimento de câmera, o bom e eficiente uso do contra-plongéé usado
em diferentes ocasiões, a adição do zoom in causando paranoia, a inserção de
focar e desfocar um mesmo plano e a grande angular denotando o ambiente denso das
florestas somado a profundidade de campo situando os personagens centralizados
ou no primeiro terço da tela. Resulta em
uma cinematografia assustadoramente belíssima e requintada tornando cada frame uma
verdadeira pintura.
Porém,
se tecnicamente ‘O Segundo Cordeiro’ é irretocável o mesmo não pode se dizer de
seu roteiro. A história não explora todos os seus personagens e pouco vai além
de sua própria sinopse. Basta notar as atuações de Michiel Huisman e Raffey
Cassidy que mesmo sendo muito boas conforme foi estabelecido, ambos não tem
material suficiente para criar camadas em seus respectivos papeis.
Diferentemente de Sarah (Denise Gough ótima em cena) que é a personagem mais
interessante da trama ao lidar com emoções mais complexas como, sua luta contra
as decisões de Shepherd, bem como o desamparo e desgosto sob seu olhar do
patriarcado tomar vantagens em cima das mulheres.
Entrando
para a nova safra do Pós-Terror tendendo ao psicológico e contemplativo envolto
de uma temática forte a respeito do quão preocupante a influência do
patriarcado pode gerar a vida das mulheres. ‘O Segundo Cordeiro’ tinha todos os
elementos para ser o novo clássico do cinema e gerar discussões envolto de seu tema, porém não o faz e apoia-se em apuros técnicos
e visuais.
NOTA: 6,9