Estreias

sábado, 28 de setembro de 2019

Crítica - 'Cemitério Maldito (2019)'


  Umas das obras mais prestigiadas do renomado autor Stephen Kings é ‘Cemitério Maldito’. Tal influência chegou às telas do cinema em 1989 sob a direção de Mary Lambert, porém o feito ficou muito longe da qualidade do livro. Agora com a onda de remakes atrás de remakes, o exemplar não ficou de fora e retorna as grandes salas do cinema, mas dessa vez superando o filme original. 

   A família composta pelo patriarca Louis (Jason Clarke), sua mulher Rachel (Amy Seimetz) e seus dois filhos (Jeté Laurence) e  (Hugo Lavoie) mudam-se para uma nova casa, localizada aos arredores de um antigo cemitério amaldiçoado, usado para enterrar animais de estimação. Após a morte do gato da família (isso não é um spoiler), eles se tornam alvo de fatos sobrenaturais. 

  Com a direção assinada pela dupla Kevin Kolsch e Dennis Widmyer, certos subtramas diferem do original ora abordados com maior ênfase ou, ora por passagens breves a narrativa. Somado esses dois fatores, certos temas (o passado de Rachel e de Jud, o vizinho da família) são tratados de forma apressada vedando o impacto necessário à trama.  Por outro lado, o laço familiar, a aura misteriosa do cemitério e o ambiente envolto da casa ganham vigor e oferecem novas camadas a este novo ‘Cemitério Maldito’. 

   Outro acerto na direção da dupla é a cadência do primeiro ato criando uma atmosfera pendente e um forte senso de presságio. A partir disso, o público simpatiza pelos personagens e os eventos sobrenaturais ganham mais vitalidade quando de fato surge em tela. Porém, o terror grafado se perde nas convenções do gênero, não oferecendo nada de inovador e abusando de jumpscares telegrafados.                               

   Em compensação, esta readaptação de Stephen Kings difere de seu original quando adentramos no campo da atuação. Enquanto o original de 89 é irrisório, aqui Jason Clarke transmite com perfeição todos os nuances de um pai de família aflito, perturbado, tenso e a cima de tudo, condolente. Agora a menina Jeté Laurence e a veterana Amy Seimetz roubam as cenas reforçando com veemência os momentos dramáticos e assustadores em que se encontram.                      

     ‘Cemitério Maldito’ pode ou não agradar o público ao caminhar para uma conclusão diferente do original. Mas isso não desdém sua nova forma de contar a tão cultuada obra de Stephen King, somando mais pontos altos do que negativos. 
              
NOTA: 6,8

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Crítica - 'Era Uma Vez em...Hollywood'


   Era uma vez... Tarantino! Somado em seu currículo nove invejáveis filmes e porventura seu penúltimo. O cineasta conquistou uma legião de fãs ao criar sua própria identidade cinematográfica gerando para si uma grande expectativa entorno de suas produções. Felizmente, Quentin Tarantino nunca decepcionou e dessa vez, apresenta seu projeto mais maduro em ‘Era uma Vez em... Hollywood’.

   Ambientado no final da década de 60, em Los Angeles. A trama acompanha o ator Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), seu dublê e assistente pessoal Cliff Booth (Brad Pitt) e a atriz pouca conhecida, Sharon Tate (Margot Robbie) dispostos a fazer o nome em Hollywood. Vizinha de Dalton, Tate é brutalmente assassinada pelas mãos da Familia Manson, uma seita de jovens maníacos, seguidores de Charles Manson.        
 
      Frequente nos filmes de Tarantino, sua marca registrada está novamente presente em ‘Era uma Vez em... Hollywood’. O diálogo perspicaz, a verborragia ostensiva, a violência, a referência aos filmes clássicos e uma linguagem cinematográfica multifacetada. A riqueza nos detalhes, os mais variados enquadramentos – crane shot, plano holandês, contra-plongéé, plano detalhe -, jump cut, flashback especulativo, edição irregular cumprem o seu propósito narrativo tornando o cotidiano dos personagens interessante ao público.

    Digo isso, pois temos um Tarantino mais contemplativo que acompanha as diferentes vivências de seus personagens principais sem pressa durante quase duas horas e quarenta minutos de produção. Diante disso, Tarantino consegue o que nenhum outro diretor conseguiria: abraçar as trivialidades do cotidiano tornando-as cativantes ao espectador e em constante crescimento à narrativa. Nesse contexto, a perfeita reconstrução de época (sem CGI) e a fotografia natural facilita a imersão do público, no intuito da duração não pesar como aparenta e vivenciarmos o valor do cinema e suas consequências na Hollywood, dos anos 60.

   Consequências estas como a ganância para o estrelato, a fama, frustrações, individualismo, reconhecimento e segredos ocultos. Todos esses elementos estão presentes nas espetaculares interpretações de Leonardo DiCaprio ao oferecer inúmeras camadas ao seu personagem egocêntrico, mas ao mesmo tempo inseguro de si. Brad Pitt rouba as cenas com seu personagem resiliente, porém carrega o peso de um passado obscuro. E Margot Robbie entrega um dos momentos mais genuínos da trama ao reagir sob os aplausos de um cinema lotado, enquanto a assiste em tela. 
 
     O filme também brinca com a metalinguagem cinematográfica reservando momentos icônicos e cativantes para o público. Seja na ótima presença de Bruce Lee, o diálogo afiado de Rick Dalton e a pequena Trudi (Julia Butters), o humor subversivo e a aura de Sharon Tate. E tudo capturado nos olhos de um grande cineasta provando o quanto é um apaixonado pela sétima arte.      

    ‘Era uma Vez em... Hollywood’ faz uma bela homenagem a Era Dourada de Hollywood e a Sharon Tate, além de subverter nossas expectativas entregando um final simplesmente, genial.
 

NOTA: 9,3
                             



quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Crítica - 'Godzilla (2019)'


   Há uma gama de filmes ao longo dos cinquenta anos, desde o lançamento do primeiro ‘Godzilla’ de 1954. Sua figura imponente e excêntrica ganhou espaço em diversas produções internacionais no cinema somando filmes solo, crossovers, confrontos com versões no espaço, robôs e sua vindoura batalha com Kong. Antes de essa premissa acontecer, ‘Godzilla 2: Rei dos Monstros’ apresenta descobertas de novas criaturas. 

   Após os eventos ocorridos em ‘Godzilla (2014)’, os integrantes da agencia Monarch precisam lidar com a aparição de diversos monstros e buscar uma coligação com Godzilla a fim de restaurar o equilíbrio da natureza e   lutar pela existência da humanidade. 

   Atendendo aos pedidos dos fãs, ‘Godzilla 2: Rei dos Monstros’ deixa de lado o elemento humano presenciado em seu precursor para concentrar na luta dos inúmeros titãs proveniente da terra, fogo, água e ar. Os confrontos de cada um deles são de cair o queixo e o cineasta Michael Dougherty soube realçar em grande escala a imponência e o tamanho dos monstros frente aos humanos, as locações e as estruturas – sejam pela ótima iluminação em ambientes escuros, ótimos enquadramentos e design de som. Em consequência, as mais variadas sequencias de ação é puro fan service e entretenimento de primeira.    

   Em contrapartida, os elementos humanos por vezes, ou quase totalmente, esquecidos. Subestima o ótimo elenco contando com nomes como Kyle Chandler (‘Argo’), Vera Farmiga (‘Invocaçao do Mal’), Millie Bobby Brown (‘Stranger Things’), Sally Hawkins (‘A Forma da Água’) e Charles Dance. Todos eles estão ótimos em seus papeis, porém o escasso material fonte tornam os unidimensionais.       

  Não só isso, o roteiro também assinado por Michael Dougherty não dá tréguas as clássicas facilitações narrativas, diálogos expositivos e frases de efeitos na tentativa de comover o espectador. Por fim, quando tal argumento busca ousar e surpreender optando na morte de um/uma personagem, as mesmices dos filmes pipocas são caídas em tentação. 

  ‘Godzilla 2: Rei dos Monstros’ vale pela sua diversão, um ótimo elenco e o show de CGI capturando os verdadeiros confrontos dos titãs.


NOTA: 6,7

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Crítica - 'Toy Story 4'


   Elogiar as animações da Pixar se tornaram corriqueiras desde sempre. Quando muitos torceram o nariz ao deparar com uma nova continuação de uma franquia já concluída e em altíssimo nível, o Estúdio retorna ao mundo dos brinquedos e o novo episódio, ‘Toy Story 4’ mantém a qualidade invejável da saga.

    Na trama, o nosso querido e velho amigo Woody acompanha o mais novo brinquedo chamado ‘Garfinho’ a encontrar sua realizadora e dona Bonnie, mas para isso ele precisa da ajuda de seus antigos companheiros.  

   Com sua estreia na direção, Josh Cooley começa com o pé direito e comprova estar a par do mundo da Pixar. Conhecido por ser argumentista de ‘Divertida Mente’ e realizador de storyboard de ‘Up: Altas Aventuras’ e ‘Ratatouille’, o cineasta entrelaçam os fatos do último episódio, a inserção de novos personagens, o humor e a mensagem sem perder o ritmo e o tom. Consequentemente, os antigos brinquedos se tornam coadjuvantes enquanto a neurose de ‘Garfinho’, a bad-ass ‘Bo Peep’, a motivação de Gabby Gabby e os ótimos alívios cômicos Bunny e Ducky ganham a devida atenção e simpatia pelo público.        

   Entretanto, os queridos brinquedos como Buzz Lightyear e Jessie regrediram em relação aos filmes anteriores, mas Woody continua sendo a alma da franquia e, dessa vez, provando o porquê ele é o xerife. É na voz dele a mensagem principal da estória e os temas sobre sacrifício, o abandono, o valor dos bonecos na vida de uma criança são retratados novamente aqui. Como consequência, ‘Toy Story 4’ não chega a ser tão emocionante como o seu precursor.                       
 
  Apesar de formulaico, ‘Toy Story 4’ é uma belíssima animação cheia de aventura, emoção, divertimento e novos personagens marcantes para ficar no coração de qualquer criança.  
                                    

NOTA: 8,0

                     

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Crítica - 'John Wick 3: Parabellum'


  
 A franquia ‘John Wick’ vem surpreendendo a todos a cada um novo capítulo. Dando as caras no inicio do ano de 2014, a saga protagonizada pelo ator Keanu Reeves não se tornou apenas rentável, como também elevou o cinema de ação. E agora com a estreia de ‘Parabellum’ ninguém esperava ver tamanha porradaria, perseguição, confisco e banho de sangue por causa de um cachorrinho.   

   A trama inicia-se logo após a conclusão de ‘Um Novo Dia Para Matar’ quando um contrato de quatorze milhões de dólares torna John Wick (Keanu Reeves) o alvo dos maiores assassinos do mundo. Nesse contexto, o novo filme da franquia começa a todo vapor na luta desenfreada do nosso protagonista com todas as facções.    

   Os primeiros vinte minutos são um deleite aos olhos do público e, principalmente aos fãs do gênero. Mantendo o mesmo diretor de seu precursor, Chad Stahelski comprova ser um dos melhores do seu ramo quando o assunto é ação. As sequencias de facas, luta corpo a corpo, combates e perseguição são desafiadores, viscerais e alucinantes mantendo o espectador extasiado ao longo de toda projeção.

   Aqui não há espaço para a complexidade narrativa e um forte senso de trajetória, Stahelski procura por artifícios narrativos breves e backgrounds pontuais do protagonista para dar continuidade para novas cenas de ação. E por mais superficiais certos assuntos ou personagens são tratados, a ação chega a um nível absurdo que vale cada ingresso investido. Sendo assim, inteligentemente o cineasta mantém a atmosfera neo-noir mais forte deste episódio e varia diferentes sequências com facas, espadachins, cachorros, motos, livro e por ai vai... Sem cair na mesmice.     

   Inserindo novos personagens a trama, muito deles tem boas participações como Sofia (Halle Berry), Zero (Mark Dacascos) e a diretora (Anjelica Huston). A  exceção fica por conta da juíza, na apática atuação de Asia Kate DIllon. Enquanto, Keanu Reeves está excelente no papel transmitindo a dualidade de John Wick, ora apresentando como um exímio matador, ora mostrando-se forçado diante das situações em que se encontra.   

      ‘John Wick 3 – Parabellum’ eleva a franquia em mais um degrau e chega a um nível de primor técnico para ser aplaudido de pé.  


NOTA: 8,3