O
cineasta Ari Aster deixou seu cartão de visita ao apresentar-se no mundo do
cinema seu excelente e controverso ‘Hereditário (2018)’. Seu nome passou a
figurar entre as grandes promessas no gênero terror e gerou fortes expectativas
tanto pelos críticos, quanto pelo público a espera de seu novo projeto. Eis que
o diretor não demorou muito para dar as caras e novamente volta a perturbar,
refletir o público e gerar discussões em ‘Midssomar – O Mal Não Espera a
Noite’.
Passando
por um momento conturbado na sua vida, a jovem Dani (Florence Pugh) resolve
viajar com seu namorado (Jack Reynor) e dois amigos dele para um festival de verão em uma
remota comunidade na Suécia. Enquanto,
os amigos estão lá para elaborar uma tese sobre os costumes do local, as
diferenças culturais ganham um rumo sinistro tornando os dias cada vez mais
violentos e perturbadores.
A
direção assinada por Ari Aster foge das convenções narrativas do gênero para
focar no horror psicológico por meio de elementos ritualista e imagens perturbadoras.
Dessa maneira, ‘Midssomar – O Mal Não Espera a Noite’ se enriquece a partir dos
detalhes e por proporcionar uma experiência sensorial e contemplativa. Assim
sendo, o espectador precisa estar atento as sua proposta, pois a obra não vai
agradar o público casual.
É
possível notar a forte concepção autoral do cineasta logo no inicio na
produção. A condução narrativa feita por um jogo de câmera inteligentíssima
contextualizando cada personagem permite uma forte empatia do espectador com o
grupo de amigos. Cada um tem sua identidade clara com seus interesses,
problemas e traumas. Consequentemente, todo o fardo presente na vida dos
adolescentes se tornam efetivos aos nossos olhos, principalmente por Dani.

Esta,
interpretada brilhantemente pela ótima Florence Pugh. A atriz dá uma aula de
atuação ao transmitir sentimentos de perda e dor, ansiedade, seu aborrecimento
no namoro, sua depreciação com seu namorado e sua reação aos excêntricos
manifestos. É muito fácil simpatizar com a personagem e sentimos junto com ela
todo seu fardo. Porém, a sua crescente evolução ao longo da narrativa é uma das
fortes mensagens metafóricas aqui e, sem dúvidas, Florence Pugh merece no
mínimo ser indicada no Oscar 2020. Os
restantes do elenco de apoio também estão ótimos, com destaque a Will Pouter servindo
como o escape para o humor surpreendentemente bem postado.
Apesar de se estender mais do
que o necessário no segundo ato, ‘Midssomar – O Mal Não Espera a Noite’ é perturbador,
chocante, alegórico, único, nos convida a refletir sobre crise, relacionamento,
separação, luto, psicologia do consciente coletivo e principalmente as suas mensagem implícitas.
NOTA: 9,2
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