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terça-feira, 20 de março de 2018

Crítica - 'O Filho Da Noiva'



   Juan José Campanella é um dos grandes nomes do cinema argentino e o mais importante deles no cenário atual. Com uma invejável carreira colecionando ótimos filmes e diversos prêmios, é indiscutível a qualidade de suas obras, hoje, pois todos são conhecidos e revisitados por grande parte do público. É assim com o vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro ‘O Segredo Dos Seus Olhos (2009)’, seu primeiro longa-metragem ‘O Mesmo Amor, A Mesma Chuva (1999)’, ‘Clube da Lua (2004)’ e o reverenciado ‘O Filho da Noiva (2001)’.          

    Comprovando sua ótima parceria com o astro Ricardo Darín (antes conhecidos pelo ótimo trabalho em ‘O Mesmo Amor, A Mesma Chuva’ e ‘Nove Rainhas’) em ‘O Filho da Noiva’. A trama acompanha a vida conturbada e sobrecarregada do dono do restaurante, Rafael (Ricardo Darín) que não tem tempo para desfrutar sua fase ao lado de sua filha e principalmente de sua mãe (Norma Aleandro), esta sob o Alzheimer. Porém, Rafael é obrigado a reavaliar o rumo de sua vida com a chegada de seu amigo de infância Juan Carlos (Eduardo Blanco), a presença marcante de seu pai (Héctor Alterio) e um infarto quase fatal.                                                      
 
     Apesar da premissa não interresar à primeira vista o espectador, ‘O Filho da Noiva’ transpõe com leveza e seriedade todos os eventos ocorridos na pele de Rafael e das pessoas que o rodeiam. A verossimilhança da direção de Juan José Campanella nos concerne à preocupação humana diante das dificuldades apresentadas em nosso dia a dia. Tudo é muito real, delicado, sugerindo diferentes reflexões sobre a postura humana na busca constante para encontrar nossa identidade. 

   Aparentemente com uma trama fácil de cair no melodrama barato, Campanella não se rendeu nas armadilhas do gênero e encontrou o tom perfeito entre o drama e a comédia, despertando o público a passar por diferentes emoções. Dentre o riso e o choro, ‘O Filho da Noiva’ reserva cenas memoráveis provocando singelas gargalhadas na comédia subentendida, como na genial idéia da discussão entre Rafael e Juan Carlos em meio a uma gravação de um filme e, afinal, quem é Dick Watson? E também nos momentos comoventes, quando Rafael abre seu coração para sua mãe.    

    Mas nada disso não teria sucesso, senão fosse as ótimas atuações de Ricardo Darin, Norma Aleandro, Héctor Alterio e Eduardo Blanco. A própria direção de Campanella não foca exclusicamente em Rafael e cria novas vertentes para os personagens secundários terem um papel importante à trama. Consequentemente, todos tem seu grande momento em tela e ganha a simpatia do espectador.

   Ricardo Dárin mostrou sem talento em três momentos memoráveis, a discussão com seu amigo de infância, as suas angustias e o amor pela sua mãe e a sua reconcilião com sua namorada por meio de um interfone. Outra quem está excelente é Norma Aleandro capaz de fazer o público indagar se ela realmente sofre de Alzheimer. Héctor Alterio entrega uma das cenas mais lindas apresentando um monólogo sobre a figura de sua esposa e sua representatividade no restaurante. E Eduardo Blanco demonstra um timing cômico perfeito.                    

   Outro ponto interessante comumente na direção de Campanella é situar suas produções diante do cenário político argentino e, ‘O Filho da Noiva’ não é diferente. Lançado em 2001, durante o auge da crise econômica argentina, o filme reflete as caracteristicas do período. Como também infunde sutis críticas sociais e ao capitalismo desenfreado.      
 
   Com o poder de guarnecer a solidariedade da natureza humana e de nos fazer crer e viver cada momento de nosso dia a dia. ‘O Filho Da Noiva’ é tocante e cômico na medida certa, reserva momentos marcantes, atuações genuínas, e uma belíssima mensagem que precisamos levar para o resto de nossas vidas.               


NOTA: 10
     
                      

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