‘Rua
Cloverfield, 10’ consegue ser genial mesmo antes de chegar às telas. E por trás
desse feito ele, J. J. Abrams filmou secretamente o filme driblando nada menos
que a mídia e Hollywood para pegar todo mundo de surpresa ao lançar o trailer
recordando a qualidade e a originalidade de 2008, ‘Cloverfield – O Monstro’.
Vale
lembrar que ‘Rua Cloverfield, 10’ não é uma sequencia do filme de 2008. O
estilo found footage e o monstro destruindo a cidade de Nova Iorque são
deixados de lado, enquanto esta nova produção soma uma trama minimalista
apresentando elementos de ‘Psicose’, ‘Louca Obsessão’ e recentemente ’O Quarto
de Jack’.
Após
sofrer um acidente de carro, Michelle (Marry Elizabeth Winstead) acorda
acorrentada em um quarto embaixo da terra. No remoto local, a garota recebe a
visita de Howard (John Goodman), o dono da estrutura alegando ter salvo a sua
vida e explicando a situação em que o país vive. Desconfiada, Michelle começa a
aceitar a idéia após conhecer Emmet (John Gallagher Jr.), outro sujeito explicando
o quão seguro é lá dentro.
O
roteiro assinado por Josh Campbell, Matthew Stuecken e o notável Damien
Chazelle (aquele do ótimo ‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’) consegue ser
brilhante mesmo em uma trama simples. A tensão é crescente no decorrer da
produção, a narrativa surpreende com recheadas reviravoltas e muito bem
amarrada. Isso também é mérito pela dinâmica do trio protagonista e pela
excelente direção do estreante Dan Trachtenberg.
E a
estréia do cineasta não tinha como ser melhor. Trachtenberg deu uma aula de
como criar tensão através da desorientação psicológica remetendo ao espectador
o senso de incerteza vivida pela protagonista Michelle e mantendo o publico
indeciso em praticamente todos os 110 minutos levando a todos se questionarem -
será isso verdade?
Todas as questões envolvidas são transmitidas aos espectadores na excelente
atuação de John Goodman. A dubiedade do personagem é o ponto chave e Goodman soube com maestria ser ameaçador, explosivo, instável, como também ser sincero,
prestativo e erudito. Essa é com certeza a melhor atuação da carreira do ator,
e merece atenção para futuros prêmios. Elizabeth Winstead não fica para trás
vivendo a desconfiada e corajosa Michelle, sendo a peça fundamental para o filme
progredir. E o ator Gallagher Jr não se destaca como os demais, mas é relevante
para a dinâmica do trio e a quebra da tensão.
Trachtenberg
também mostrou ser competente ao utilizar planos abertos e fechados de maneira
inteligente para conceber uma atmosfera de pânico, conforto e claustrofobia associado a uma boa trilha sonora até mesmo para dar um toque de terror a trama,
porém exagerou nos jumpscares auditivos. Quebrando completamente seu ritmo nos
últimos 10 minutos podendo, ou não, agradar o publico. ‘Rua Cloverfield, 10’ é
grande ao criar o mistério e pequeno em sua resolução, mas mesmo assim é um
filme que merece toda sua atenção e coloca Trachtenberg um nome promissor.
NOTA: 8,0
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