Estreias

terça-feira, 12 de abril de 2016

Crítica - 'Rua Cloverfield,10'


     ‘Rua Cloverfield, 10’ consegue ser genial mesmo antes de chegar às telas. E por trás desse feito ele, J. J. Abrams filmou secretamente o filme driblando nada menos que a mídia e Hollywood para pegar todo mundo de surpresa ao lançar o trailer recordando a qualidade e a originalidade de 2008, ‘Cloverfield – O Monstro’.

        Vale lembrar que ‘Rua Cloverfield, 10’ não é uma sequencia do filme de 2008. O estilo found footage e o monstro destruindo a cidade de Nova Iorque são deixados de lado, enquanto esta nova produção soma uma trama minimalista apresentando elementos de ‘Psicose’, ‘Louca Obsessão’ e recentemente ’O Quarto de Jack’.                               
 
     Após sofrer um acidente de carro, Michelle (Marry Elizabeth Winstead) acorda acorrentada em um quarto embaixo da terra. No remoto local, a garota recebe a visita de Howard (John Goodman), o dono da estrutura alegando ter salvo a sua vida e explicando a situação em que o país vive. Desconfiada, Michelle começa a aceitar a idéia após conhecer Emmet (John Gallagher Jr.), outro sujeito explicando o quão seguro é lá dentro.                                                      
    O roteiro assinado por Josh Campbell, Matthew Stuecken e o notável Damien Chazelle (aquele do ótimo ‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’) consegue ser brilhante mesmo em uma trama simples. A tensão é crescente no decorrer da produção, a narrativa surpreende com recheadas reviravoltas e muito bem amarrada. Isso também é mérito pela dinâmica do trio protagonista e pela excelente direção do estreante Dan Trachtenberg.    

     E a estréia do cineasta não tinha como ser melhor. Trachtenberg deu uma aula de como criar tensão através da desorientação psicológica remetendo ao espectador o senso de incerteza vivida pela protagonista Michelle e mantendo o publico indeciso em praticamente todos os 110 minutos levando a todos se questionarem - será isso verdade?

     Todas as questões envolvidas são transmitidas aos espectadores na excelente atuação de John Goodman. A dubiedade do personagem é o ponto chave e Goodman soube com maestria ser ameaçador, explosivo, instável, como também ser sincero, prestativo e erudito. Essa é com certeza a melhor atuação da carreira do ator, e merece atenção para futuros prêmios. Elizabeth Winstead não fica para trás vivendo a desconfiada e corajosa Michelle, sendo a peça fundamental para o filme progredir. E o ator Gallagher Jr não se destaca como os demais, mas é relevante para a dinâmica do trio e a quebra da tensão.                                              
                                                                              
    Trachtenberg também mostrou ser competente ao utilizar planos abertos e fechados de maneira inteligente para conceber uma atmosfera de pânico, conforto e claustrofobia associado a uma boa trilha sonora até mesmo para dar um toque de terror a trama, porém exagerou nos jumpscares auditivos. Quebrando completamente seu ritmo nos últimos 10 minutos podendo, ou não, agradar o publico. ‘Rua Cloverfield, 10’ é grande ao criar o mistério e pequeno em sua resolução, mas mesmo assim é um filme que merece toda sua atenção e coloca Trachtenberg um nome promissor.        
 


NOTA: 8,0
   

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