Estreias

quinta-feira, 16 de março de 2017

Crítica - 'No Fim Do Túnel'


    ‘No Fim Do Túnel’ comprova a ótimo momento do cinema argentino. Não é de hoje que o cinema argentino vem se tornando referência mundialmente, detentores de dois Oscar e presenteando a todos com obras-primas, como ‘O Segredo Dos Seus Olhos’, ‘Nove Rainhas’, ‘Relatos Selvagens’, ‘O Homem Ao Lado’, e mais uma vasta gama de produções de primeira qualidade. O novo filme de Rodrigo Grande não chega a ser do mesmo nível dos citados, mas merece atenção.   

   Na trama, conhecemos Joaquín (Leonardo Sbaraglia), um solitário cadeirante que passa boa parte do tempo consertando computadores em seu sótão. Sua rotina muda quando Berta (Clara Lago), e sua filha vão até a sua casa para alugar um quarto que ele havia anunciado. Com novos ares em sua casa, durante uma noite de trabalho, Joaquin estranha ao escutar ruídos na casa ao lado e com ajuda de seus equipamentos eletrônicos, descobre que um grupo de ladrões, liderado por Galereto (Pablo Echarri) está construindo um túnel em baixo da casa, com o objetivo de roubar um banco, levando – o a se atentar aos novos hospedes.

  De início, a sinopse pode não atrair o espectador por parecer mais um filme qualquer de suspense, mas há quem se engane. O roteiro e a direção assinada por Rodrigo Grande fez um trabalho engenhoso em prender a atenção do espectador jogando peças durante a narrativa para tudo se encaixar apenas no final da produção. Mesmo os minutos iniciais não apresentarem fielmente todos os personagens e a estranha forma de como os fatos são apresentados rapidamente - a relação entre Joaquin e Berta, a trama reserva uma boa surpresa para iniciar o suspense.    
      
  A partir dessa grande revelação, a trama cresce e o suspense e a aflição toma conta da produção. Mesmo com sua deficiência física, Joaquín elabora um plano e abusa de sua capacidade física para impedir os ladrões de construir um túnel. E nesse jogo de gato e rato, o diretor consegue criar um clima de suspense de primeira qualidade, em um trabalho preciso da mise-en-scène – uma paleta fria de cores tanto na fotografia, e na construção do cenário, enquadramentos claustrofóbicos e um interessante trabalho de mixagem de som (méritos para a cena onde escutamos apenas a respiração do protagonista dentro do túnel).      
 
  ‘No Fim Do Túnel’ também conta com atuações excelentes de Leonardo Sbaraglia (‘Relatos Selvagens’), Clara Lago e Pablo Echarri. Acreditamos na deficiência do protagonista, e o ator Sbaraglia fez isso com maestria com um ótimo trabalho corporal e trabalhando todos os nuances do personagem que aparentemente aparece arrogante e posteriormente afável. Já Clara Lago ganha a simpatia de Joaquin e do público, e reservando um grande mistério. E Pablo Echarri entrega toda a imponência de Galereto.                                        

  Com a segunda metade e, principalmente, o último ato caindo em alguns clichês do gênero tornando o longa previsível. ‘No Fim Do Túnel’ é um suspense como manda o figurino: envolvente, cria um clima de tensão, conta com ótimas atuações e revela bons mistérios.
 
NOTA: 7,5


                         

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