Estreias

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Crítica - 'Okja'


 A Netflix vem ganhando cada vez mais relevância no cenário cinematográfico. Antes de comentar seu novo filme original ‘Okja’, vale ressaltar a vergonhosa polêmica ocorrida no Festival de Cannes de 2017, daqueles que vaiaram a obra antes mesmo de assisti-la, pelo simples fato de repudiarem a logo da expoente do streaming. Não vamos entrar nessa questão, apenas apreciar, admirar, respeitar os belos trabalhos da plataforma e enxergar o seu papel na modernização do cinema. 

   A trama começa com Lucy Mirando (Tilda Swinton), a CEO de uma poderosa empresa, apresentando ao mundo uma nova espécie de animal, conhecida como “superporco”, com o objetivo de suprir a fome e criar um evento para escolher a melhor. Encaminhando vinte e seis exemplares para serem criados em diversos países, na Coréia Do Sul, a jovem criadora Mija (Seo-Hyun Ahn) e seu avô lutam para ficar ao lado de Okja com a proximidade do concurso.      

     A direção é mais uma vez do sempre ótimo Joon-Ho Bong (conhecido pelos muito bons ‘Expresso do Amanhã’ e ‘O Hospedeiro’). Aqui, ele consegue trabalhar de forma bem orgânica vários gêneros sem perder a mão, temos um pouco de ficção, comédia, drama, ação e prevalecendo mais a aventura. Não muito distante, seu trabalho também assemelha um pouco com ‘Expresso do Amanhã’ em querer sempre retratar um subtexto alegórico e crítico envolto de uma história divertida, e esse é o grande mérito de ‘Okja’.         

  Há cenas exclusivamente incômodas, mas pela proposta do filme elas são essenciais, pois batem de frente com nossa realidade. O retrato da cultura do consumo, críticas a indústria alimentícia e sua posição ao uso de organismos geneticamente modificado tornam-se ‘Okja’, acima de tudo, um filme importante para os dias atuais.           

  O roteiro também assinado por Ho Bong consegue tratar todos esses temas em uma história divertida e emotiva. O primeiro e o último ato são irretocáveis ao apresentar a ótima relação entre Okja e Mija e a malevolência de Lucy e Johnny Wilcox (Jake Gyllenhaal), já no segundo ato o filme caiu de produção ao inserir novos personagens com propósitos clichê, sem desenvolvimento e deixando a história mais infantil, envolvendo os bons atores Paul Dano e Lilly Collins, que pouco oferecem a trama. 
    
  Já Jake Gyllenhaal, Tilda Swinton e  Seo-Hyun Ahn  estão excelentes.    Gyllenhaal consegue cativar o público com as esquisitices de Wilcox , Swinton é sempre ótima em interpretar personagens insolentes e Hyun Ahn demonstra uma afeto enorme por Okja. Afinal, o CGI da superporco é impecável   seja em suas movimentações, na iluminação, além de apresentar uma forte ligação com a pequena Mija.  

  Independente da tela na qual é exibida, ‘Okja’ se faz necessário por abordar questões importantes nos dias atuais, comprova a influência da Netflix no cenário cinematográfico e garante como o melhor filme original da streaming. 


NOTA: 7,8

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