A
Netflix vem ganhando cada vez mais relevância no cenário cinematográfico. Antes
de comentar seu novo filme original ‘Okja’, vale ressaltar a vergonhosa
polêmica ocorrida no Festival de Cannes de 2017, daqueles que vaiaram a obra
antes mesmo de assisti-la, pelo simples fato de repudiarem a logo da expoente
do streaming. Não vamos entrar nessa questão, apenas apreciar, admirar, respeitar
os belos trabalhos da plataforma e enxergar o seu papel na modernização do
cinema.
A
trama começa com Lucy Mirando (Tilda Swinton), a CEO de uma poderosa empresa,
apresentando ao mundo uma nova espécie de animal, conhecida como “superporco”,
com o objetivo de suprir a fome e criar um evento para escolher a melhor. Encaminhando
vinte e seis exemplares para serem criados em diversos países, na Coréia Do
Sul, a jovem criadora Mija (Seo-Hyun Ahn) e seu avô lutam para ficar ao lado de
Okja com a proximidade do concurso.
A
direção é mais uma vez do sempre ótimo Joon-Ho Bong (conhecido pelos muito bons
‘Expresso do Amanhã’ e ‘O Hospedeiro’). Aqui, ele consegue trabalhar de forma
bem orgânica vários gêneros sem perder a mão, temos um pouco de ficção,
comédia, drama, ação e prevalecendo mais a aventura. Não muito distante, seu
trabalho também assemelha um pouco com ‘Expresso do Amanhã’ em querer sempre
retratar um subtexto alegórico e crítico envolto de uma história divertida, e
esse é o grande mérito de ‘Okja’.
Há
cenas exclusivamente incômodas, mas pela proposta do filme elas são essenciais,
pois batem de frente com nossa realidade. O retrato da cultura do consumo,
críticas a indústria alimentícia e sua posição ao uso de organismos
geneticamente modificado tornam-se ‘Okja’, acima de tudo, um filme importante
para os dias atuais.
O
roteiro também assinado por Ho Bong consegue tratar todos esses temas em uma
história divertida e emotiva. O primeiro e o último ato são irretocáveis ao
apresentar a ótima relação entre Okja e Mija e a malevolência de Lucy e Johnny
Wilcox (Jake Gyllenhaal), já no segundo ato o filme caiu de produção ao inserir
novos personagens com propósitos clichê, sem desenvolvimento e deixando a
história mais infantil, envolvendo os bons atores Paul Dano e Lilly Collins,
que pouco oferecem a trama.
Já
Jake Gyllenhaal, Tilda Swinton e
Seo-Hyun Ahn estão excelentes. Gyllenhaal consegue cativar o público com as
esquisitices de Wilcox , Swinton é sempre ótima em interpretar personagens
insolentes e Hyun Ahn demonstra uma afeto enorme por Okja. Afinal, o CGI da
superporco é impecável seja em suas
movimentações, na iluminação, além de apresentar uma forte ligação com a
pequena Mija.
Independente
da tela na qual é exibida, ‘Okja’ se faz necessário por abordar questões
importantes nos dias atuais, comprova a influência da Netflix no cenário
cinematográfico e garante como o melhor filme original da streaming.
NOTA: 7,8
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