Estreias

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Crítica - '7 Dias em Entebbe'


    Após toda a celeuma por trás da recente polêmica série o ‘Mecanismo’, José Padilha retorna seus olhares no âmbito político em ‘Sete Dias em Entebbe’. Dessa vez, seu fato gira em torno do seqüestro do vôo da Airfrance que iria de Tel-Aviv a Paris, e sua missão de resgate, em 1976. E diferente de outros longas-metragens do cineasta, aqui ele busca encontrar o equilíbrio das diferentes visões dos envolvidos no escândalo.          

   ‘Sete Dias em Entebbe’ retrata o seqüestro do vôo da Airfrance (com 83 passageiros israelenses) orquestrado por dois alemães revolucionários (Daniel Bruhl e Rosamund Pike) e dois palestinos, desviando-o para a Uganda (liderada por Idi Amin) e exigindo a libertação de mais de 50 prisioneiros palestinos encarcerados em Israel. Diante de tal situação, o primeiro ministro Yitzhak Rabin tenta encontrar uma solução diplomática, mas cede a operação militar para resgatar os reféns.   

  Diferente de outros filmes de sua autoria, José Padilha da voz a todos os envolvidos respondendo as diferentes ideologias do ser “terrorista” e “guerreiros da liberdade”.  Para isso, ele não centra em apenas um núcleo narrativo, mas sim em vários transitando entre os dois alemães e palestinos (central), os reféns, a política de Yitzhak Rabin e um jovem soldado israelense. Como conseqüência, temos a montagem de altos e baixos de Daniel Rezende tendo como méritos casar os diferentes arcos na trama.
 

  O ponto negativo da montagem e resultando na vulnerabilidade do filme, está em sua narrativa fragmentada alternando entre os seqüestradores e o cenário geopolítico. Tal preceito torna a trama monótona – o arco central (dos seqüestradores) é abatido, sem provação dos eventos e sem comoção relevante até o terceiro ato. Os diferentes núcleos sugerem apenas um artifício trivial para o espectador simpatizar pelos personagens que no final, nenhum deles será lembrado.          
          
  Já o terceiro ato também apresenta seus pontos positivos e negativos. Se de um lado a montagem realizou um trabalho impecável associando a “Operação Thunderbolt” (operação nomeada do resgate) com uma apresentação de dança contemporânea, acompanhado de uma ótima trilha sonora. Do outro, a missão é passageira, fácil e isento de grande momento de batalha.       

   Com boas atuações de seu elenco principal, principalmente de Daniel Bruhl e Rosamund Pike e a boa presença de Nonso Anozie (Idi Amin). ‘Sete Dias em Entebbe’ se sustenta pelo seu interessante contexto histórico, mas deixa de lado personagens e eventos memoráveis.          

                   NOTA: 6,3                    

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