Após
toda a celeuma por trás da recente polêmica série o ‘Mecanismo’, José Padilha
retorna seus olhares no âmbito político em ‘Sete Dias em Entebbe’. Dessa vez,
seu fato gira em torno do seqüestro do vôo da Airfrance que iria de Tel-Aviv a
Paris, e sua missão de resgate, em 1976. E diferente de outros longas-metragens
do cineasta, aqui ele busca encontrar o equilíbrio das diferentes visões dos
envolvidos no escândalo.
‘Sete
Dias em Entebbe’ retrata o seqüestro do vôo da Airfrance (com 83 passageiros
israelenses) orquestrado por dois alemães revolucionários (Daniel Bruhl e
Rosamund Pike) e dois palestinos, desviando-o para a Uganda (liderada por Idi
Amin) e exigindo a libertação de mais de 50 prisioneiros palestinos
encarcerados em Israel. Diante de tal situação, o primeiro ministro Yitzhak
Rabin tenta encontrar uma solução diplomática, mas cede a operação militar para
resgatar os reféns.
Diferente
de outros filmes de sua autoria, José Padilha da voz a todos os envolvidos
respondendo as diferentes ideologias do ser “terrorista” e “guerreiros da
liberdade”. Para isso, ele não centra em
apenas um núcleo narrativo, mas sim em vários transitando entre os dois alemães
e palestinos (central), os reféns, a política de Yitzhak Rabin e um jovem
soldado israelense. Como conseqüência, temos a montagem de altos e baixos de
Daniel Rezende tendo como méritos casar os diferentes arcos na trama.
O
ponto negativo da montagem e resultando na vulnerabilidade do filme, está em
sua narrativa fragmentada alternando entre os seqüestradores e o cenário
geopolítico. Tal preceito torna a trama monótona – o arco central (dos
seqüestradores) é abatido, sem provação dos eventos e sem comoção relevante até
o terceiro ato. Os diferentes núcleos sugerem apenas um artifício trivial para
o espectador simpatizar pelos personagens que no final, nenhum deles será lembrado.
Já
o terceiro ato também apresenta seus pontos positivos e negativos. Se de um
lado a montagem realizou um trabalho impecável associando a “Operação
Thunderbolt” (operação nomeada do resgate) com uma apresentação de dança
contemporânea, acompanhado de uma ótima trilha sonora. Do outro, a missão é
passageira, fácil e isento de grande momento de batalha.
Com
boas atuações de seu elenco principal, principalmente de Daniel Bruhl e
Rosamund Pike e a boa presença de Nonso Anozie (Idi Amin). ‘Sete Dias em Entebbe’ se sustenta pelo seu interessante
contexto histórico, mas deixa de lado personagens e eventos memoráveis.
NOTA: 6,3
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