“Há, pois, o mundo das idéias e o mundo das aparências...”
Ora pelo mundo da imperfeição, ora encontrando toda a verdade possível, ‘O
Quarto de Jack’ não é apenas cinema, mas sim uma metáfora da condição humana
perante o mundo.
Baseado no
best-seller de Emma Donoghue, impossível não se emocionar em ‘O Quarto de
Jack’. Dirigido pelo cineasta Lenny Abrahamson que não abre mão de comover o
público trazendo um amor único entre mãe e filho. Mas não é o roteiro a
principal essência do filme, e sim o show de interpretação da dupla Brie Larson
e do garoto promissor Jacob Tremblay, ambos com uma atuação nível Oscar.
O pequeno Jack, de
cinco anos, vive com sua mãe em um pequeno quarto em condições precárias.
Dentro daquele mundo cercado apenas de sonhos, livros e TV, para Jack qualquer
exemplo dado pela sua mãe é questão de mágica. Conforme a curiosidade do garoto
aflora ao lado da sua mãe, ambos buscam um plano para fugir daquele remoto e
modesto barraco iniciando uma nova fase de descobertas, o mundo como ele
realmente é.
Os primeiros
minutos do filme são incríveis. De maneira inteligente e fascinante em como o
pequeno Jack começa a lidar com a realidade libertando das influencias
culturais e sociais dialogando com sua mãe, é o coração do filme. Dessa
maneira, o cineasta constrói a primeira metade de forma tensa e faz espectador
torcer pelos personagens transmitindo ao publico todas as emoções possíveis
(feliz, triste, tenso).
Não é apenas o
trabalho competente de Abrahamson que remete as emoções, mas sim o talento de
Tremblay e Larson. É muito provável que estamos vendo a vencedora de melhor
atriz de 2016 para Larson, com uma das melhores atuações do ano a atriz carrega
um enorme peso emocional demonstrando todo o seu sentimento nas trocas de
olhares com Jack, o carinho maternal é notável e, consegue transmitir ao espectador
tudo o que ela passou. Mas quem também rouba a cena é ator de 10 anos Tremblay,
conseguindo balancear sentimentos como raiva, carinho, amor e confusão.
A trama perde um
pouco o ritmo na segunda metade, e o rumo do filme passa a ser outro. Diante da
descoberta do novo mundo, tanto Jack quanto sua mãe tem problemas em lidar com
a nova realidade e a trama passa a ser menos interessante. Mesmo assim, o filme
é inteligente, emociona, faz sutis criticas a sociedade atual e conta com ótimas
atuações, ‘O Quarto de Jack’ é um convite permanente a reflexão.
NOTA: 8,8
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