Estreias

sábado, 31 de dezembro de 2016

Crítica - 'Chinatown'


     O Oscar de melhor roteiro original foi pouco para ‘Chinatown (1974)’. Somando ao total onze indicações, este filme dirigido pelo mestre Roman Polanski precisa ser visto, revisto e estudado sagrando-se um dos melhores roteiros da história do cinema. Detentor de inúmeras obras-primas, Polanski conseguiu trazer as telas o único filme noir da era contemporânea com sua maestria habitual acrescentando elementos únicos ao gênero tornando este, um trabalho ímpar.     

   Na Los Angeles de 1937, o detetive particular J. J. Gittes (Jack Nicholson) é contratado por uma mulher para investigar uma possível traição que esta sofre do marido, porém a história toma novos rumos quando ele descobre que foi enganado quando a verdadeira esposa (Faye Dunaway) aparece, revelando uma conspiração na Companhia de Água da cidade.

   O roteiro assinado por Robert Towne e também por Polanski é intrínseco, visceral e instigante. A maneira como o cineasta consegue extrair a essência do roteiro e levar as telas impondo o peso necessário a cada cena, é impressionante. Tudo remete ao um trabalho meticuloso, desde a perfeita adaptação entregando todo o potencial da trama até a construção dos planos, das edições, da clássica fotografia noir e dos movimentos de câmera. Em conseqüência, a narrativa apresenta uma fluidez notável, tornando os 130 minutos de duração admirável por todos.  

    Méritos pela tal admiração e anseio do espectador são todos os elementos inseridos a trama, ou melhor, os crescentes mistérios em torno do crime. E são desses elementos que ‘Chinatown’ é reconhecido como um filme noir, ou neo-noir. A forma como a narrativa cresce em torno do assassinato do empresário Hollis Mulwray e toda a questão da água da região recheadas de reviravoltas, dominada de personagens dúbios - a falsa Sra. Mulwray, Faye Dunaway, Evelyn Mulwray, o policial Escobar, o misterioso Noah Cross, e por um clima de mistério e perigo envolvendo o público de uma maneira sem igual.      

   Outro grande mérito do filme está nas excelentes interpretações de Jack Nicholson e Faye Dunaway. Na pele do detetive particular, Nicholson consegue causar dúvidas ao espectador no decorrer da narrativa pelo seu passado misterioso e sua moral duvidosa, quanto a Evelyn, a ótima atriz Dunaway da vida a mulher fatal, conhecida como femme fatale, responsável também por reservar um grande mistério a história. É realmente incrível, como Polanski consegue também incluir todo o crescimento e a relevância de todos os personagens.  

   Diante da fotografia clássica, o clima noir está presente em todo o longa apresentando ao máximo os contrastes de claro e escuro e uma excelente trilha sonora pontual para o suspense. ‘Chinatown (1974)’ dá uma aula de como adaptar roteiros engajando o público em sua narrativa crescente reservando constates reviravoltas em um dos grandes trabalhos dos melhores diretores da história do cinema. 

NOTA: 9,4    


     
                     

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