Estreias

sábado, 24 de dezembro de 2016

Crítica - 'A Luz Entre Oceanos'


       Pouco conhecido pelo público em geral, Derek Cianfrance merece atenção. Mesmo com poucos filmes no currículo, o cineasta vem se destacando um mestre em retratar os relacionamentos sem aquele lirismo e devaneios comuns em praticamente todos os filmes do gênero, como confirmou nos ótimos ‘Namorados Para Sempre’ e ‘O Lugar Onde Tudo Termina’. Diante desse histórico, ele continua a surpreender em ‘A Luz Entre Oceanos’  mostrando um episódio de como o amor pode se transformar em ódio.      

     Baseado no livro da autora M. L. Stedman, a trama acompanha a chegada de Tom Sherbourne (Michael Fassbender), a uma ilha distante, aceitando um emprego como faroleiro. O solitário veterano da primeira guerra conhece a admirável Isabel (Alicia Vikander), durante sua entrevista, e ambos acabam se apaixonando e se mudam para o farol

    A apresentação rápida dos personagens até seu casório está lá apenas para contemplar o belo amor vivido pelo casal. Sem objetividade inicial, o filme evidencia sua premissa quando um barco à deriva aparece carregando um bebê e seu pai, já morto, causando contradições aos cônjuges: ficar ou não com a criança. Nesse confronto de idéias entre Isabel e Tom, o dramalhão por vezes carregado, toma conta da produção.

  Não que a palavra “dramalhão” seja ruim, muito pelo contrário. Como estamos falando de Cianfrance, o comovente amor do casal construídos nos minutos inicias é desolado pelos traumas e tristezas de Isabel (não mencionado para evitar spoiler), porém aqui ele exagera nos recursos melodramáticos. O desenrolar de todos esses fatos não oferece incitação ao espectador, mas ficamos admirados com a tamanha interpretação de Alicia Vikander e Fassbender.   
 

  Depois da primeira metade, o filme consegue prender o espectador ao levantar a questão sobre quem pode ser a verdadeira mãe da criança. Diante dessa questão, a personagem Hannah Roennfeldt (Rachel Weisz) é o centro das atenções, tanto pela narrativa quanto pela atuação impecável da atriz Weisz.   

  Com a fotografia impecável, limpa, sempre valorizando os belos cenários e, capaz de captar as fortes emoções dos protagonistas. Em sua narrativa contemplativa e o ato final prolongado, ‘A Luz Entre Oceanos’ retrata até onde vai a tristeza de uma pessoa, por mais pura que seja sua intenção, questiona temas universais e atemporais, e acreditamos nos sofrimentos internos do casal, protagonizados pelos melhores atores da atualidade: Fassbender e Vikander.


NOTA: 7,8




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