Estreias

terça-feira, 13 de junho de 2017

Crítica - 'O Lamento (The Wailing)'


   A Coréia do Sul vem mostrando sua força no cinema contemporâneo. A maior prova desse alvoroço cinematográfico foi confirmada pela qualidade de suas produções ‘Invasão Zumbi’ e ‘A Criada’ presentes nas listas dos melhores filmes de 2016 ao redor do mundo. E não demorou muito para eles presentear a todos, mais uma vez, o porventura suspense do ano, ‘O Lamento’.   

     O suspense conta a história de um vilarejo pacífico, cujos moradores passam a contrair uma misteriosa doença, tornando-os alterados a ponto de assassinarem todos à sua volta, para depois, morrerem de causas desconhecidas.  Para solucionar o caso, o policial Jong –Goo (Kwak Do-Won) suspeita que há algo sobrenatural, ligado a um estranho forasteiro e, enquanto investiga, sua filha começa a demonstrar sinais dessa doença.           

   Mesmo presente elementos clássicos para a construção do suspense, o cineasta Hong-jin Na (do muito bom ‘O Caçador’) trouxe originalidade em tela. O suspense não demora muito para ser instaurado na produção e, além de disso, o cineasta não se prende a um gênero para instigar o espectador. E esse é o grande mérito do filme, brincar com todas as possibilidades que o gênero pode oferecer, colocando o público dentro da trama, para futuramente entrar na zona do desconforto.                

   A narrativa conduz uma série de episódios em que os mistérios vão ser tornando cada vez mais complexos.  Dessa forma, temos um primeiro ato marcado por uma investigação policial sobre o real acontecimento da vila junto com o humor presente no protagonista e, ao mesmo tempo, um clima com um forte desconforto no espectador. O segundo ato denota o suspense e todos os misteriosos personagens. Já o terceiro ato reserva uma grande reviravolta e uma forte sensação de tensão, desamparo, ansiedade e incerteza. 
 
   Para todos esses sentimentos dominarem o público nos últimos minutos a construção narrativa e visual de Hong-jin foi essencial. O humor inicial deixa de existir próximos aos quarenta minutos de produção, e a própria trama começa a desconstruir a figura do policial para chegar ao ápice de seu suspense.  A fotografia também tem papel fundamental para conduzir a trama ao priorizar a iluminação natural reforçando a violência e o incomodo no espectador, principalmente com a chegada do soturno último ato.                             

   O roteiro assinado também por Hong-jin não deixa claro a real situação de certos eventos e prolonga mais do necessário, somando duas horas e meia de produção. Mesmo com uma duração relativamente alta, ‘O Lamento’ é mais um grande achado no cinema sul-coreano, merece ser conhecido por todos e tem tudo para ser o melhor suspense do ano.    


NOTA: 9,2


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