Estreias

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Crítica - 'As Boas Maneiras'


   Definitivamente, 2018 é o ano do cinema brasileiro. É de se notar uma melhora nas produções brasileiras nos últimos anos que vem ganhando prestígios mundo afora com elogios por parte do público e da imprensa. Porém, 2018 vêm somando grandes filmes como ‘Gabriel e a Montanha’, ‘O Nome da Morte’ e o surpreendente terror nacional ‘As Boas Maneiras’

   Na trama, Ana (Marjorie Estiano) contrata a solitária enfermeira Clara (Isabél Zuaa) para auxiliar em sua gravidez e nas despesas de casa. Conforme as duas vão se conhecendo e a gestação avança, Ana começa a apresentar comportamentos estranhos e eventos sobrenaturais manifestam-se

   Não há mais nada a falar sobre o filme, pois quanto menos você souber da trama melhor sua experiência. Por isso, o motivo de palavras tachadas na premissa. Aparentemente, ‘As Boas Maneiras’ caminha para ser mais um drama retratando as diferenças entre classes socais, porém a cada pequeno novo evento a perspectiva do espectador se modifica na iminência do enigmático.
 
   Para tal feito, a direção da dupla Marco Dutra e Juliana Rojas criou um clima de estranhamento e tensão crescente. A primeira metade é excelente e brinca com a questão do ‘até onde vai a relação entre as duas protagonistas’, por conseguinte o suspense ganha novos contornos. Nesse cenário, os cineastas apresentam recursos narrativos e técnicos inventivos, como desenhos em flashbacks, uma iconografia mais estilizada e digital e uma trilha sonora instigante perfeitamente casado com o ambiente. 

   A partir da segunda metade, o filme muda seu rumo e foca exclusivamente na enfermeira Clara e os cuidados com seu filho. Diferente da primeira metade (digno de nota 10), essa nova mudança narrativa passa a ser menos interessante, mas o suficiente para manter a curiosidade do espectador. Enquanto o suspense psicológico predominava, agora a fantasia junto ao horror se estabelece – muito em favor da figura maligna (não dito para evitar spoiler).         

   Como conseqüência, faltou a ‘As Boas Maneiras’ a imagem desse “ser” (interpretado por Miguel Lobo) mais realista junto com a sua fotografia visivelmente digital. Dessa maneira, o terror seria mais verossímil e não fugir do clima realizado na primeira metade. Aqui estamos assistindo a dois filmes em um. 

   Com um irretocável primeiro ato somado a ótima atuação de Marjorie Estiano, ‘As Boas Maneiras’ caiu de produção em seu episódio conseqüente, mas veio para mostrar a força do cinema nacional e tem tudo para representar o Brasil mundo afora.            


NOTA: 8,1    

                   
    

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