Estreias

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Crítica - 'O Rei (The King)'



  Persiste certo dilema ao inserir as obras clássicas de Shakespeare na sétima arte: de um lado, a busca pela aproximação do material fonte somada a dificuldade de conduzir à autenticidade literária do poeta a apreciação, seja pela restrição do inglês arcaico e a condução narrativa, sonega os olhares das massas. Do outro, a adição da liberdade criativa inspiradas no feito do escritor, visa o entretenimento para atingir o público em geral e, nessa conjuntura, se encaixa ‘O Rei’, nova produção original Netflix.

   Após a morte de seu pai, o jovem e inexperiente Henrique V (Timothée Chalamet), também conhecido como “Hal”, assume o trono como o rei da Inglaterra, herdando de seu progenitor um país em meio à Guerra dos Cem Anos contra a França.  



   A direção assinada por David Michôd (conhecido pelo ótimo ‘Reino Animal’) retoma os ares da dramaticidade e do épico como esferas centrais. Apoiando-se exclusivamente na ascensão do protagonista, ‘O Rei’ subverte a expectativa do espectador a cada ação de Hal sob a forte influência daqueles que o cercam em seu reinado. Suas ideologias e propósitos são colocados a prova em detrimento de permitir a paz que tanto almeja. 

  Para isso, o roteiro assinado também por Michôd em companhia de Joel Edgerton coloca uma série de obstáculos a serem apaziguados, como também o reflexo de suas consequências em torno do comportamento de Hal. Em meio a essas nuances brilha a excelente atuação de Timothée Chalamet comprovando definitivamente ser um dos melhores atores de sua geração e, quem sabe, ele não receba mais uma indicação ao Oscar.   

  Mas se por um lado Michôd centra-se unicamente no rei Henrique V, o mesmo não pode se dizer dos personagens secundários, mesmo com as ótimas atuações de Joel Edgerton - o único amigo do rei, Ben Mendelson - o rei Henrique IV, o caricato Robert Pattinson como Dauphin da França e Sean Harris na pele do Ministro da Justiça, William – este com o arco mais bem construído de todos e com uma reviravolta chocante - todos são subaproveitados e não representam seus respectivos impactos históricos na trama, em especial a importante personagem Catarina (Lily-Rose Depp).

  Com um irretocável primeiro ato, mas deixando a desejar principalmente nos acontecimentos sucessivos da grande batalha de Azincourt. ‘O Rei’ acaba por mesclar momentos Shakesperianos com a historiografia, mas vale pelo seu momento histórico, pelo entretenimento, e pela brilhante atuação do jovem ator Timothée Chalamet.


NOTA: 7,8

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