Estreias

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Crítica - 'Sete Minutos Depois da Meia Noite'


    Muitos filmes passam despercebidos por grande parte do público, e acabamos deixando passar aqueles que realmente tocam nosso coração. ‘Sete Minutos Depois da Meia Noite’ brinca com o mundo imaginário e real entregando uma história emocionante, brilhantemente triste e as mais verdadeiras mensagens de superação. 

     A trama gira em torno de Conor (Lewis MacDougall), um garoto de apenas 13 anos que enfrenta dificuldades em seu cotidiano - vítima de bullying, filho de um pai ausente e cuja mãe (Felicity Jones) está lutando contra o câncer. O garoto passa a conviver com a quase desconhecida avó (Sigourney Weaver) que não gosta de crianças. Diante desse cenário, surge um monstro em forma de árvore (voz de Liam Nesson), com o intuito de ajudá-lo a descobrir sua verdade e lidar com seus problemas.      
 
   Dirigido pelo competente J. A. Bayona (conhecido pelos ótimos ‘O Orfanato’ e ‘O Impossível’), aqui é interessante ver resquícios de seus trabalhos anteriores. Além do jogo de paradoxos com o mundo real e fantástico, o cineasta entrega cenas de grande impacto visual, como visto em ‘O Impossível’. Mais uma vez, ele mostra como contar a história em seus movimentos de câmera e sabendo utilizar os efeitos visuais a seu favor, apenas para enriquecer o roteiro.  

  É notável a forma como o filme explora ao máximo a emoção do espectador. O roteiro de Patrick Ness, também autor do livro no qual o longa é adaptado, realiza um ótimo desenvolvimento do protagonista apresentando suas condições, criando um vinculo do espectador com o personagem, a fim de entendermos todo o sofrimento do garoto. Assim sendo, a emoção é tangível, e Bayona explora a narrativa de conto de fadas para preconizar maneiras de lidar com temas reais, através da grandiosidade dos efeitos visuais e a impressionante riqueza na construção do imaginário.

  Mas o roteiro definitivamente conquista o espectador na relação familiar, nos diálogos e na força de seu subtexto. O símbolo da árvore é imprescindível para representar a real fase da mente de uma pobre criança, narrando três lindas animações feitas de aquarela para encontrar a verdade. Outro exemplo é a forma maniqueísta como o bullying é tratado, a ponto do garoto não se importar.  E tudo isso é sutil, sem cair no melodrama barato forçando qualquer espectador aos prantos.        

  Contribuindo nessa triste e emocionante história, a atuação de Lewis MacDougall, Felicity Jones e Sigourney Weaver são as mais humanas possíveis. A atriz Felicity Jones, entrega tudo de si, trazendo momentos dramáticos sem cair no choro forçado e uma linda relação com seu filho. Já o pequeno MacDougall está comprometido, mas não consegue passar toda a emoção de seu personagem, porém ficamos comovidos por ele por conta do admirável roteiro. E por fim, a voz do Liam Nesson é espetacular!              

     ‘Sete Minutos Depois da Meia Noite’ pode apresentar alguns deslizes em seu roteiro por entregar cenas óbvias demais, mas é incrivelmente lúdico, emocionante, triste, além de ser um verdadeiro símbolo metafórico para infância, dor, perda, superação e luto.  


NOTA: 8,0

    

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