Estreias

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Crítica - 'Como Nossos Pais'


   O cinema brasileiro vem se destacando ao retratar assuntos pertinentes dentro de nosso país. Exemplos recentes foram ‘Que Horas Ela Volta?’ abordando questões da classe social, ‘Aquarius’ ao refletir a instrução do Brasil atual e suas idiossincrasias e, agora, ‘Como Nossos Pais’ espelha as dificuldades da mulher moderna.  

   Na trama, Rosa (Maria Ribeiro) sente-se pressionada em não conseguir conciliar sua tarefa de mãe, as exigências do marido Dado (Paulo Vilhena), sua vida profissional e seu relacionamento complicado com sua mãe Clarice (Clarisse Abujamra). Em um almoço em família, ela acaba sendo surpreendida após Clarice revelar sua verdadeira origem, restando a Rosa rever seus conceitos.      

   ‘Como Nossos Pais’ ganhou força com a direção feminina assinada por Laís Bodanzky (conhecida pelo ótimo ‘Bicho de Sete Cabeças’). Com a sua visão diante das dificuldades vivenciadas pelas mulheres hoje em dia, sua direção centra-se exclusivamente no ponto de vista de Rosa com o auxílio da câmera objetiva e enquadramentos que reforçam sua dualidade com seu marido. E com a inesperada revelação logo no início, as situações triviais do dia-a-dia começam a ter um grande impacto psicologicamente e fisicamente na protagonista. 

   Passamos praticamente cem minutos de duração vendo uma mulher cansada, desesperada, frustrada, mas também guerreira e com um fio de esperança. Diante dessas situações, a atriz Maria Ribeiro transmite todo esse pesar com maestria em uma interpretação verdadeira e poderosa. E nos conflitos com a sua mãe Clarice, brilha também a atriz Clarisse Abujamra com seu jeito seco e abrupto de falar, mas determinantes para o melhor. 

    Outro ponto riquíssimo no roteiro de Bodanzky são os personagens masculinos muito bem escritos e representativos do pior pensamento machista dos dias atuais. Entre eles, estão Dado na ótima interpretação de Paulo Vilhena e, Pedro (Felipe Rocha) retratando o homem ideal que todas as mulheres buscam, mas no fim seus objetivos são outros. Nesse cenário, os diálogos são espetaculares e, apesar de muitos julgarem o filme como feminista, em nenhum momento a trama apresenta um teor moralista. Tudo é muito honesto, orgânico e acima de tudo, singelo.       

   Com um roteiro rico em trazer temas como, empoderamento feminino, autoridade parental, hipocrisia, casamento instável, relação conflituoso entre mãe e filha. Certas passagens surgem na tela de modo menos inspirado, visto que parecem executadas da maneira mais convencional e recaindo nas fraquíssimas atuações do elenco secundário. Dentre eles, estão o encontro de Rosa e uma figura pública (Herson Capri), pai de um colega da família e a presença da personagem adolescente.                 .              
 
    Com uma atuação afiada de Maria Ribeiro e um roteiro abordando temas pertinentes em nosso país, ‘Como Nossos Pais’ tem um forte e honesto retrato do peso que a mulher moderna precisa suportar.


                            NOTA: 7,3                                       
                

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