Estreias

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Crítica - 'Eu, Tonya'



 Difícil comentar ‘Eu, Tonya’ sem antes mencionar o grande talento do cinema atual, Margot Robbie. Apresentada ao mundo no ótimo ‘O Lobo de Wall Street’, a atriz vem somando elogios e grandes papéis com um pouco mais de quatro anos de carreira. Roubando a cena na produção do Scorsesse, exaltada na pele da icônica vilã Arlequina, e agora tem todos os méritos para ter seu nome indicado no Oscar 2018.     

  Margot Robbie da à vida a Tonya Harding, a ambiciosa ex-patinadora de gelo e uma promessa do esporte estadunidense. De origem pobre e ingressando nas aulas de patinação com apenas quatro anos de idade sob forte influencia da mãe Lavona (Allison Janney). Dedicando-se ao máximo, Harding vê seu nome envolvido em um crime nas vésperas dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1994, a respeito da agressão de sua principal concorrente, anulada das competições.         

   Muitos não se interessam por cinebiografias pelo fato de presumir enfadonho demais, ou por simplesmente já conhecer a história. Porém, ‘I, Tonya’ foge desses dois pensamentos. Por esse motivo, o grande mérito da direção do Craig Gillespie foi fugir  das estruturas clássicas do gênero aproximando no estilo de falso documentário, mesclando o humor ácido com a realidade possante vivido por  Tonya Harding .                             
 
  Tal criatividade narrativa permite a todos os personagens expressar suas visões sobre um determinado fato, por mais irônicos e contraditórios sejam. A partir dessa idéia, uma série de confusões ganha novos contornos tanto absurdas, como hilariantes, na tragicômica trajetória da protagonista desconstruindo sua própria imagem. Até parece que estamos vendo a um novo episódio da série Fargo.   

   Em meio a esse jogo entre os dramas pessoais de Harding e os falsos documentários, a trama mistura gêneros do crime, investigação policial, drama e humor negro, mas sempre pontual em cada uma delas. Tendo como foco a dura realidade da esportista e abordando temas como, culto das celebridades, à ditadura das aparências, autoridade parental, feminismo, elitismo das olimpíadas e das modalidades esportivas.        

  Todos esses temas recaíram nas costas de Tonya Harding, seja o abuso físico e psicológico de sua mãe, a ignorância de seu marido e seus modos mal vistos pelos jurados. Margot Robbie transmite com perfeição todo o peso carregado de seu personagem, a raiva, a frustração, a ambição e o amor pelo esporte. A cena de Robbie no momento de seu julgamento é para aplaudir de pé.     

  Porém, não é ela quem brilha no primeiro terço da trama, mas sim Allison Janney. Sarcástica, egocêntrica, mordaz, a personagem arruína cada um que passa em seu caminho e seu grande alvo não poderia de ser sua filha. De uma presença pungente, Janney da um show de interpretação e não há justiça se ela não for indicada ao Oscar!             
            
  
Criativo em sua proposta, com atuações arrebatadoras das atrizes Robbie e Janney e com um valor de entretenimento garantido, ‘I, Tonya’ tem tudo para agradar boa parte do público, até mesmo aqueles que não são fãs do gênero. 



NOTA: 8,6

                        


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