Estreias

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Crítica - 'A Forma da Água'


     À lá Del Toro, ‘A Forma Da Água’ é mais uma marca registrada do estilo singular do cineasta. Conhecido pelo ótimo ‘O Labirinto do Fauno’ e ‘Circulo de Fogo’, Del Toro sempre trouxe um cinema diferente para o público misturando gêneros de fantasia, ficção, drama, suspense, romance. Tudo em um tom poético e de uma estética arrebatadora. Aqui ele mantêm seu cunho e entrega um dos melhores filmes do ano.

   A trama acompanha a rotina de Elisa (Sally Hawkings), uma zeladora muda e melhor amiga de sua colega de profissão Zelda (Octavia Spencer) em um laboratório experimental secreto do governo, onde um anfíbio está sendo mantido em cativeiro.  Aproximando cada vez mais da criatura, ela resolve bolar um plano de resgate contando com Zelda, e seu amigo Giles (Richard Jenkins).

  De maneira brilhante, a direção de Del Toro qualifica a protagonista logo nos minutos inicias da produção. “A princesa sem voz” caminha a passos lentos, prepara ovos cozidos, sente sua marca de nascença, despida-se de suas imperfeições, submerge na água e brinca com seu corpo. Nas metáforas dos pequenos gestos de Elisa, os cinco minutos iniciais indicam muito sobre sua personalidade e o que está por vir.             

  Com a direção, roteiro e produção assinado por Del Toro, o cineasta mostra total controle de sua narrativa, e também do ponto de vista estético. Com os três atos muito bem definidos: o encontro entre Elisa e a criatura, o plano de fuga e a procura do anfíbio por parte de Richard Strickland (Michael Shannon).  Del Toro realiza algo incrível durante toda a projeção, um romance palpável entre dois seres diferente sem diálogos, e contar vários subtramas simultaneamente sem perder o foco narrativo.      

  Década de 60, a trama situa-se na Guerra Fria e os grandes conflitos políticos da época envolvendo os personagens Strickland  e o Dr. Robert Hoffstetler (Mark Stulhbarg muito bem em cena). Não só isso, também presenciamos o conflito interno de Giles no que diz respeito a sua sexualidade. Del Toro não perde o foco do romance, e todos os elementos narrativos se complementam de maneira sutil em uma edição em alguns momentos inventiva.         

  E como de costume, a estética dos filmes de Del Toro é mais uma grande virtude de seu cinema. O design de produção é detalhado e diz muito sobre as personalidades dos personagens, a fotografia em diferentes tons de verde designa diferentes sentidos à trama, a iluminação perfeita relembrando a estética noir e emoldurando belíssimas cenas subaquáticas. Lembrando que temos Carmen Miranda na ótima trilha sonora.                            
    
  Com uma atuação impecável de Sally Hawkings transmitindo todos os sentimentos possíveis – tristeza, raiva, alegria, alivio, coragem, preocupação, curiosidade - sem ao menos falar um palavra.  Michael Shannon recriando um vilão caricatural, mas com motivos de sobra para acabar com a criatura. E a presença carismática de Richard Jenkins.    

  ‘A Forma Da Água’ segue uma estrutura narrativa padrão do gênero e não surpreende o espectador como feito em ‘O Labirinto do Fauno’, mas cumpre com perfeição sua proposta, além de fazer uma pequena homenagem ao  ‘O Monstro da Lagoa Negra’.     


                                             NOTA: 9,4                                                                                                                                         

2 comentários :

  1. A forma da água é um dos filmes mais interessante que vi. Michael Shannon fez um ótimo trabalho no filme. Eu vi que seu próximo projeto, Fahrenheit 451 será lançado em breve. Acho que será ótimo! Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Acho que Fahrenheit 451 sera excelente! Se tornou em uma das minhas histórias preferidas desde que li o livro, quando soube que seria adaptado a um filme, fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão impressa. Acabo de ver o trailer da adaptação do livro, na verdade parece muito boa, li o livro faz um tempo, mas acho que terei que ler novamente, para não perder nenhum detalhe. Sera um dos melhores lançamentos em 2018 acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas.

    ResponderExcluir
  2. Eu também estou muito ansioso para esse filme! Conheço o de 1966 e mal vejo a hora de assistir esse ano e estou pensando em realizar a crítica de ambos os filmes fazendo suas devidas comparações. Obrigado por comentar Luciana e seja sempre bem-vinda! Também não deixe de curtir nossa pagina no facebook para ficar por dentro de tudo que acontece aqui!

    ResponderExcluir