Estreias

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Crítica - 'Trama Fantasma'



   A dupla Paul Thomas Anderson e Daniel Day-Lewis comprovam mais uma vez seus talentos em ‘Trama Fantasma’. A parceria foi estabelecida no ano de 2007 com o espetacular ‘Sangue Negro’ rendendo à Day-Lewis a estatueta de melhor ator e indicação a Thomas Anderson.  Agora, eles novamente repetem o feito realizado no trabalho anterior figurando entre os grandes nomes do cinema em 2017.    

   A trama situa-se nas terras britânicas na pós-guerra, precisamente em 1950 e acompanha a vida do irrefutável Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis), um renomado alfaite da alta costura que trabalha ao lado de sua irmã Cyrill (Lesley Manville), para atender grandes nomes da realeza. Constantemente bajulado pelas mulheres e acostumado a ter todos a seus pés, Woodcock escolhe como sua nova musa, Alma (Vicky Krieps) e assim criar um vestido para ela.     

  O roteiro e a direção assinado por Paul Thomas Anderson é intrínseco ao retratar o crescente confronto de personagens igualmente fortes de sexos opostos. Enquanto um busca o silêncio, a concentração e acima de tudo, o trabalho, envolto de sua natureza meticulosa, requintinda e totalitaria. A outra surpreendida pelo fato de estar lá, ao lado dele, recebendo elogios e amada. Amada, tal palavra difícil de encontrar na casa de costura Woodcock.         

   Pois, a cada um simples barulho, uma desculpa ou ignorada sem qualquer discernimento. O amor se torna ódio - Alma confronta o autoritarismo regido -, e cada uma nova passagem um misto de cavalheirismo e agressividade tomam conta da produção. Alma é enigmática, seu passado é obscuro e não sabemos por qual razão ela está, ali, instalada sob as diretrizes da casa Woodcock .     

   Diante dessa cincurstâncias brilham as atuações de Daniel Day-Lewis e Vicky Krieps. Ambos de personalidades fortes e um sendo o contraponto perfeito do outro, Day-Lewis e Krieps dão um show de interpretação pela forma como se comportam, seja pelos olhares, gestos e também em suas objeções.  Com tanto tempo de convívio, a irmã do estilista, Cyril agrega ainda mais o estado de desaprovação e Lesley Manville traz uma atuação impecável. O trio está excelente, uma pena não ver Vicky Krieps no Oscar 2018!   

  A direção de Thomas Anderson mostra-se comprometido com toda a elegância da parte técnica em ‘Trama Fantasma’. O cineasta trabalha com seus colaboradores habituais na área da fotografia e sonoplastia,Chris Peter e sJonny Greenwood respectivamente. O resultado é fascinamente, evocando a composição visual de Kubrick realçando o senso de urgência em meio a elegância dos figurinos e cenários. Como tambémo trabalho minucioso da iluminação caracterizando os sentimentos dos personagens, como exemplo,  vemos o rosto de Alma dividido entre a escuridão total e o iluminado.          
 
   Com um trabalho requintado de Thomas Anderson, o ritmo lento adotado pode não agradar grande parte do público. ‘Trama Fantasma’ demora a imprimir sua real premissa e não compreendemos de fato qual o rumo o filme irá tomar. Em conseqüência a primeira metade não engaja o espectador e as suas duas horas de duração podem soar desgastantes. 

  Entretanto, ‘Trama Fantasma’ cresce em sua segunda metade finalizando com chave de ouro, assim como a grandiosa carreira do ator Daniel Day-Lewis. 


NOTA: 7,9


                            

Nenhum comentário :

Postar um comentário