‘Jogador Número 1’ resgata a magia de Stephen
Spielberg dos anos 80. Colecionando inúmeros filmes nos mais diversos gêneros,
o cineasta passou os seus últimos anos focando em produções sérias e realistas,
como ‘The Post’, ‘Ponte Dos Espiões’ e ‘Lincoln’. Mas sua marca registrada
sempre foram as obras infantojuvenis marcando a infância e a nostalgia de uma geração. E nada melhor ver Spielberg retornando a o gênero que o consagrou.
Baseado
no livro Ready Player One de Ernest Cline, ‘Jogador Número 1’ se passa em um
futuro não muito distante e acompanha o jovem Wade Watts (Tye Sheridan) que
passa boa parte de seu tempo ao mundo virtual do jogo OASIS. Não apenas ele,
todos buscam refúgio ao jogo virtual devido a escassez e a pobreza do mundo
real. Quando o criador do jogo, o excêntrico James Halliday (Mark Rylance)
morre, ele deixa um desafio: aquele que encontrar o Easter Egg herdará a
empresa e meio trilhão de dolares.
Não
há ninguém para conduzir a trama, senão Stephen Spielberg. Presente em grande
parte da cultura popular, ‘Jogador Nº 1’ é uma enxurrada de referências de
filmes e jogos dos anos 80 e 90 causando nostalgia e deleite ao público. São
incontáveis easter egg! E por mais agradável seja identificar cada um deles e
discutir com um amigo se ele viu Duke Nukem, Tartaruga Ninja ou o Goro. A
direção de Spielberg não se sustenta apenas por esses elementos, mas sim na
idealização do universo dentro do OASIS.
Sua
câmera registra cada detalhe daquele mundo com planos abertos, tomadas aéreas, cores vivas e acompanhando ótimas sequencias
de ações. Vide na corrida de carros, onde a câmera segue a ação e posiciona no
centro da dinâmica capturando o caos em grande escala, sem deixar de lado as
mais nostálgicas referências. Já o outro mundo, a realidade; as paletas de
cores acinzentadas reforçam o sofrimento e a indigência no local provando o
OASIS o refúgio perfeito.
Apesar
desse ótimo apuro técnico de Spielberg transitando muito bem os dois mundos na
rápida edição, um glamouroso efeito visual
e usando o 3D a seu favor. Seu roteiro não está preocupado em realçar a
mensagem do virtual x real, e no desenvolvimento de seus personagens. Em
conseqüência, pouco se conhece o motivo desse futuro distópico e Wade Watts,
sua melhor amiga e James Halliday são figuras
básicas, mas o suficiente para o público torcer por eles. Mérito vai para Ben Mendenssol fazendo um ótimo vilão manipulador e perverso.
Falando
um pouco mais sobre os diversos easter egg na trama. Não será apenas em imagens
que o público irá fisgar, mas também na música. A trilha sonora de Alan
Silvestri é também nostálgica e fornece elementos icônicos do passado, porém em
certos momentos narrativos, essas referências são expositivas.
‘Jogador
Número 1’ não se preocupa em reforçar sua mensagem diante da dicotomia dos dois
mundos e por ser mais expostivo do que precisa ser. Mas merece ser visto da
maior tela de sua cidade pelo seu ótimo valor de entretenimento e por
apresentar as mais variadas referências da cultura pop.
NOTA: 8,0
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