O
silêncio é uma arma poderosa na construção de um suspense. Basta colocar uma
familia em perigo e o silêncio como a única forma de sobrivência. Nesse
contexto o cineasta, ator e co-escritor John Krasinski (conhecido pela série
‘The Office’) manipula as imagens, o som e a trilha imergindo o público no seu
sensorial e assustador, ‘Um Lugar Silencioso’.
A
trama se passa em um futuro pós-apocalíptico não muito distante e acompanha a
luta de uma familia perseguida por extraterrestres. Pouco se sabe sobre os
invasores, mas uma informação é certa: eles são estimulados pela percepção do
som. Para isso a familia composta pela mãe (Emily Blunt), o pai (John
Krasinski), o filho (Noah Jupe) e a filha (Millicent Simmonds) precisam ficar
em completo silêncio.
Não
demora muito para ‘Um Lugar Silencioso’ imprimir o medo daquele ambiente e
apresentar a comoção dos personagens sem dizer uma única palavra. Afinal, aqui
não há diálogos – a forma de comunicação é a Lingua de Sinais. E nesse quesito
a direção de John Krasinski é inteligentíssima ao apresentar os traços de
cada integrante da familia com o uso do som (quando a câmera se volta para a
filha há um silêncio evidenciando sua dificiência auditiva), e pela imagem.
Esta representando o cotidiano da familia, no entanto o drama familiar –
causando ao espectador um sentimento de compaixão por aquelas pessoas.
Em
conseqüência, sentimos o peso do silêncio e cada evento ocorrido durante a narrativa
tem muito mais impacto. E mais uma vez a direção de Krasinski brilha, pois aqui
ele não está interessado em causar
sustos baratos e somos imersos àquele mundo pós-apocalíptico, a ponto de
ficarmos com a mão na boca durante toda a sessão. O design de som de Brandon
Jones é uma aula de cinema, o silêncio prorrogado ressalta o som e, cada
barulhinho soa como se fosse um estrondo (dessa maneira a trilha sonora de
Marco Beltrami, mesmo precisa, exagera em certas cenas que não havia
necessidade da música).
E para
causar ainda mais aflição para os espectadores, o roteiro de Bryan Woods e Krasinski coloca os personagens nas situações mais inusitadas de se fazer
silêncio. Os enquadramentos do cineasta favorecem ainda mais essa tensão ao
focar em planos detalhes seguidos de planos abertos de determinado ambiente,
manipulando o senso de perigo na mente do público.
Tais
aflições e agonias são presenciadas com devido temor de seus personagens e
Emily Blunt entrega uma atuação impecável.
Diante de uma das cenas mais angustiantes do filme, Blunt segura todos
os seus sentimentos e sentimos junto com ela. A mãe é o símbolo da proteção da
familia, enquanto John Krasinski é a
bravura e, ambos são o contraponto perfeito para realçar a mensagem de ‘Um
Lugar Silencioso’.
Tenso,
sensorial, atmosférico, claustrofóbico e assustador, ‘Um Lugar Silencioso’ é um
dos melhores filmes do gênero nos últimos anos e tem motivos de sobra para estar
entre os melhores de 2018. Assistam em silêncio!
NOTA: 9,0
Nenhum comentário :
Postar um comentário