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quinta-feira, 19 de abril de 2018

Crítica - 'Morte Ao Vivo (Tesis)'


  Alejandro Amenábar começou a sua carreira com o pé direito. Para quem não está familiarizado com o cineasta, ele é conhecido pelo ótimo suspense ‘Os Outros (2001)’ com Nicole Kidman, sua obra-prima ‘Mar Adentro’ que venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro e ‘Preso Na Escuridão (1997)’, este posteriormente readaptado na presença de Tom Cruise em ‘Vanilla Sky (2001)’. Porém pouco se comenta de seu primeiro e ambicioso projeto, o engajante suspense ‘Morte Ao Vivo (1996)’.   

  Na trama, a estudante de cinema Ângela Márquez (Ana Torrent) escolhe como tema de sua monografia a violência no cinema.  Durante a pesquisa para o projeto, ela solicita ao seu orientador filmes que contenham apelo sádico e violência extrema, ignorando qualquer outro tema proposto. Mas a sua curiosidade sobre o assunto aumenta quando encontra seu orientador morto no auditório da universidade, apontando que ele sofreu um forte ataque de asma após assistir um misterioso filme.         
                             
  Com um roteiro cheio de reviravoltas, o quanto menos souber sobre a trama melhor sua experiência. ‘Tesis’ (do original) não é apenas um filme de suspense, mas sim uma trama investigativa acerca do conteúdo expostos pela fita encontrada pelo orientador de Ângela.  O roteiro assinado pelo próprio Amenabar prende a atenção do espectador pela sua premissa instigante e jogando pistas falsas sobre a verdadeira identidade do assassino.                              

   A direção de Amenabar está sempre um passo do espectador. Quando achamos que já sabemos quem é o assassino, passamos a rever nossos conceitos com uma futura revelação. Os personagens são dúbios, capaz de fazer o público simpatizar e odiar por eles ao mesmo tempo. O roteiro instiga, engaja e apresenta diferente facetas sobre cada um deles e, infelizmente, as atuações não estão à altura.                   
  
  O melhor amigo de Ângela, Chema interpretado por Fale Martínez está operante. E o  ator Eduardo Noriega não convence nem como um sociopata, e nem como um bom moço. Quem realmente dispensa comentários é a atriz Ana Torrent mostrando-se corajosa e determinada a dar um ponto final na história, mas lá dentro percebemos toda a sua fragilidade e o medo de se envolver em um tema tão perverso. 

  Afinal, o roteiro aborda um assunto controverso e provocante, os conhecidos snuff movies: filmes que apresentam mortes reais e propositais distribuídos em um suposto mercado negro de vídeo. O cineasta Amenabar não se aprofunda muito sobre o assunto e o utiliza como o ponto de partida para criar um ótimo clima de suspense, além de realizar uma genial crítica a violência gratuita no cinema, como revelado no final.                

  Porém seu roteiro não é perfeito com algumas facilitações narrativas e uma cena em especifica quando Angela é aprisionada (não dito para evitar spoiler). Em contrapartida, Amenabar encontrou recursos narrativos sensacionais, fragmentos em preto e branco, e enquadramentos favorecendo o suspense tanto em lugares confinados, como aberto. E a trilha sonora acompanhando com precisão as cenas com um único contratempo: soou mais do que o necessário.      

  Instigante, provocante, crítico e vencedor e sete prêmios Goya, ‘Morte Ao Vivo (1996)’ é uma das melhores obras de  Amenabar e com um final, simplesmente, genial.   


NOTA: 8,2

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