Estreias

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Crítica - 'A Favorita'



   O cineasta Yorgos Lanthimos vem criando sua própria identidade em suas produções.  Seu cinema único, excêntrico e até mesmo Cult vem se notabilizando com o passar dos anos somando os espetaculares ‘O Lagosta’ e ‘O Sacrifício do Cervo Sagrado’. Eis que agora ele embarca em um drama de época em ‘A Favorita’ para carimbar de vez seu nome como um dos melhores diretores de sua geração.       

   Na trama acompanhamos um período do reinado de Anne (Olivia Colman), a primeira rainha da Grã-Bretanha da história. Situado na Inglaterra no século 18, a duquesa Sarah Churchill (Rachel Weisz) evidência o seu posto privilegiado na corte em risco com a chegada de Abigail (Emma Stone) que logo se torna a favorita da majestade.

   A direção assinada pelo grego Yorgos Lanthimos confere o esplendor visual de filmes de época e o dinamismo de seu trio protagonista. Nesse vinculo, o cineasta trabalha com extrema competência a rivalidade, a ganância, a manipulação, a destreza, o orgulho e a inveja de suas três personagens por meio das características montagens. Retratando assim os traumas e os males sofridos até o presente momento consolidando as fortes personalidades envolvidas.       

  Por essas e outras, o cerne de ‘A Favorita’ está nas brilhantes atuações de seu trio protagonista. A começar pela espetacular Olivia Colman na pele na rainha Anne transmitindo todo o autoritarismo e a firmeza de sua personagem, como também a vulnerabilidade. Suas decisões regentes tanto para o lado pessoal e profissional são tratadas de maneira cômica e despretensiosas. Rendendo a narrativa um humor negro, irônico e proveniente das tragédias.          

   E como o foco da trama, a luta pelo favoritismo entre Rachel Weisz e Emma Stone é um deleite aos olhos do público que apreciam ótimas atuações. Os charmes da manipulação, da falsidade e da cobiça são entregues com performances de tirar o chapéu para as duas atrizes. Merecido a indicação de ambas para o Oscar de 2019!   

  Não podemos também nos esquecer de que estamos diante de um filme baseado em fatos, mas Lanthimos atua com total liberdade deixando de lado os preceitos das narrativas clássicas de docudrama. Para tal feito, os excêntricos enquadramentos por intermédio de lentes fisheye, planos em contra-plongeé e movimentos bruscos em uma mesma locação reforçam o idealismo. Assim como, a opção pela escolha de uma trilha sonora minimalista e inquietante com o objetivo de afastar o espectador de um relato efetivo.             

   Essas decisões tomadas pelo diretor engrandecem a obra como um todo, mas também deparamos com pequenos erros. Não há um sincronismo entre o humor e o drama. E os principais embates entre Sarah Churchill e Abigail não causam o impacto necessário a narrativa.     

   ‘A Favorita’ não é apenas um filme com atuações monstruosas e um design de produção de cair o queixo. Mas sim de uma história cativante de manipulação, hipocrisia e dos tormentos sem volta dos homens, ou melhor, das mulheres.         


NOTA: 9,0

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