Do
simples se faz o extraordinário. Em meios a filmes de terror criticados com
enredos fracos, truques baratos e gore excessivo no cinema atual, mesmo com uma
trama simples ‘A Bruxa’ se filia ao gênero libertando-se dos bordões,
resultando em um dos melhores filmes de terror dos últimos anos.
Aclamado
pela crítica, ‘A Bruxa’ tem tudo para agradar, ou não, o público. Vale
ressaltar que o filme não é para qualquer um, não é pelo fato de muitos
comentarem por ai de ser o mais assustador de todos os tempos. Mas sim, por ser
um terror psicológico inusitado, predominando um ritmo cadenciado para
construção da tensão, fugindo das formulas tradicionais do gênero e recriando
um cinema novo e diferente. Se você tem gosto por esse estilo de cinema, ‘A
Bruxa’ é um prato cheio, caso contrário passe longe desta produção.
Na
trama, uma família extremamente religiosa passa a viver em uma fazenda isolada,
próxima a uma gigantesca floresta, após ser expulsa de uma comunidade rural na
Nova Inglaterra (EUA) no século XVII. A aflição começa quando o recém-nascido
simplesmente some sob os cuidados de Thomasin (Anya Taylor Joy), irmã do bebe,
filha mais velha da família e futuramente acusada de bruxaria.
A
trama é simples, mas a maneira como o estreante diretor Robert Eggers conduz o
filme é simplesmente brilhante. Sem pressa, o filme vai marcando seu território
e a tensão vai se intensificando com o passar do tempo. O cineasta manipula a visão do espectador
fazendo acreditar que estamos vendo mais do que realmente está em tela deixando
o público aflito em cada cena, por mais banal que seja a situação.
Tal
feito é comprovado através do impecável trabalho de construção da atmosfera.
Eggers optou por uma fotografia escura e dessaturada sem auxilio de luz artificial, e com cenas no interior da casa filmada por uma escassa iluminação. Tal modo, acentuou ainda mais o realismo e a ameaça no filme, assim como a trilha sonora
inquietante e melancólica presente em boa parte da produção.
O
filme ainda conta com atuações espetaculares, principalmente dos atores mirins.
Com enorme destaque para Taylor Joy vivendo com perfeição a protagonista e o
estreante Harvey Scrimshaw, vivendo o filho do meio da família, responsável
pela cena mais impactante do filme - é bem provável que ambos estarão sendo
indicados a prêmios ao longo do ano.
Com elementos tradicionais o mestre Eggers fez um trabalho
admirável, criando uma enorme tensão durante boa parte da produção até seu
grande clímax reservando momentos perturbadores e alucinantes. Sem aquele terror que muitos esperavam, ‘A Bruxa’ tinha
algo a mais para explorar em sua narrativa, porém foge do padrão do gênero, não provoca sustos baratos e
consagra Eggers como um grande nome de Hollywood.
NOTA: 8,1
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