Estreias

sexta-feira, 4 de março de 2016

Crítica - 'A Bruxa'


     Do simples se faz o extraordinário. Em meios a filmes de terror criticados com enredos fracos, truques baratos e gore excessivo no cinema atual, mesmo com uma trama simples ‘A Bruxa’ se filia ao gênero libertando-se dos bordões, resultando em um dos melhores filmes de terror dos últimos anos.      

     Aclamado pela crítica, ‘A Bruxa’ tem tudo para agradar, ou não, o público. Vale ressaltar que o filme não é para qualquer um, não é pelo fato de muitos comentarem por ai de ser o mais assustador de todos os tempos. Mas sim, por ser um terror psicológico inusitado, predominando um ritmo cadenciado para construção da tensão, fugindo das formulas tradicionais do gênero e recriando um cinema novo e diferente. Se você tem gosto por esse estilo de cinema, ‘A Bruxa’ é um prato cheio, caso contrário passe longe desta produção.                                                                                                    

    Na trama, uma família extremamente religiosa passa a viver em uma fazenda isolada, próxima a uma gigantesca floresta, após ser expulsa de uma comunidade rural na Nova Inglaterra (EUA) no século XVII. A aflição começa quando o recém-nascido simplesmente some sob os cuidados de Thomasin (Anya Taylor Joy), irmã do bebe, filha mais velha da família e futuramente acusada de bruxaria.         

   A trama é simples, mas a maneira como o estreante diretor Robert Eggers conduz o filme é simplesmente brilhante. Sem pressa, o filme vai marcando seu território e a tensão vai se intensificando com o passar do tempo.  O cineasta manipula a visão do espectador fazendo acreditar que estamos vendo mais do que realmente está em tela deixando o público aflito em cada cena, por mais banal que seja a situação.            

  Tal feito é comprovado através do impecável trabalho de construção da atmosfera. Eggers optou por uma fotografia escura e dessaturada sem auxilio de luz artificial, e com cenas no interior da casa filmada por uma escassa iluminação. Tal modo, acentuou ainda mais o realismo e a ameaça no filme, assim como a trilha sonora inquietante e melancólica presente em boa parte da produção.     

    O filme ainda conta com atuações espetaculares, principalmente dos atores mirins. Com enorme destaque para Taylor Joy vivendo com perfeição a protagonista e o estreante Harvey Scrimshaw, vivendo o filho do meio da família, responsável pela cena mais impactante do filme - é bem provável que ambos estarão sendo indicados a  prêmios ao longo do ano.    
                                                          
    Com elementos tradicionais o mestre Eggers fez um trabalho admirável, criando uma enorme tensão durante boa parte da produção até seu grande clímax reservando momentos perturbadores e alucinantes. Sem aquele terror que muitos esperavam, ‘A Bruxa’ tinha algo a mais para explorar em sua narrativa, porém foge do padrão do gênero, não provoca sustos baratos e consagra Eggers como um grande nome de Hollywood.
                                      

NOTA: 8,1




                                                                                                                   

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