Estreias

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Crítica - 'Agnus Dei'


    As conseqüências da 2ª Guerra Mundial sempre trouxeram grandes histórias para o cinema. Com uma nova abordagem, ‘Agnus Dei (2016)’ intensifica assuntos atuais ao retratar o conflito da fé e o olhar religioso diante do estupro, reforçados com atuações dignas de aplausos de todo o elenco sob o comando da segura direção de Anne Fontaine.                        

    Ambientada na Polônia no final do ano de 1945, a enfermeira francesa Mathilde (Lou de Laâge) descobre que as freiras moradoras em um convento próximo foram estupradas pelos soviéticos e agora estão grávidas. Com a norma de socorrer apenas os franceses, Mathilde secretamente devota-se as freiras enfrentando os julgamentos de suas pacientes por terem violado o voto de castidade.      

    O foco da narrativa não está em contextualizar o caos no mundo pós-guerra ou nos atos brutais dos soviéticos com as freiras, mas sim trazer as conseqüências físicas e psicológicas dessas atitudes. E isso o roteiro e a direção de Fontaine fizeram com maestria levantando uma análise psicológica interessante, retratando a crise da fé diante da gravidez aflorando sentimentos jamais pensados pelas freiras levando-as a rejeição ou o amor pelos seus filhos.                                          

     O filme vai além sobre o assunto ao identificar a personagem Mathilde como atéia e comunista e por se encontrar em um ambiente desfavorável, ela entra em eucaristia da dor para tentar curar as angústias físicas e psicológicas de suas pacientes e aos poucos conseguindo confiança da irmandade. E tudo isso é intensificado na impecável atuação da francesa Laâge - destacando como a melhor atuação do ano até o momento, e da atriz Agata Kulesza no papel da madre superiora norteando à narrativa, mostrando seu lado severo e egoísta se impondo as demais freiras.     

     Com um ritmo insosso e por hora, repetitivo. O filme perde muito seu tempo em apresentar todos os nascimentos e as dificuldades da doutora se instalar no local, em conseqüência a produção fica presa e não vai além da questão da gravidez indesejada. Faltou o gostinho de saber o contexto da guerra, as desavenças da cultura e problematizar o mundo afora.                                               
                  
     Com uma direção sólida e certeira no visual com o uso de tons cinza e azul para a composição do estado emocional dos personagens, cobertos por medo e suplicio. ‘Agnus Dei (2016)’ pode suar desgastastes para alguns e se prende em sua premissa, porém trabalha isso com extrema competência reforçando um assunto polêmico discutidos nos dias atuais, ainda mais sob a ótica religiosa.


NOTA: 7,3

     

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