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terça-feira, 2 de agosto de 2016

Crítica - 'Donnie Darko (2001)'


  ‘Donnie Darko’ figura entre os filmes mais enigmáticos da história do cinema. Sua originalidade e complexidade acerca do tema da viagem no tempo, além de fazer duras críticas à igreja, ao preparo das instituições de ensino e ao comportamento humano requer não apenas um total controle da narrativa, mas sim de exigir uma grande atenção dos espectadores.

  Situado no final da década de 80 em uma pacata cidade nos Estados Unidos, Donnie Darko (Jake Gyllenhaal) é um adolescente incomum, problemático e possui indícios de esquizofrenia. Certa noite, Donnie é acordado por um coelho de quase dois metros de altura e induzido para fora de sua casa para escutar sua premeditação sobre o fim do mundo. Sem entender o episódio, o jovem acorda em meio a um campo de golfe e ao voltar para sua casa percebe que escapou da morte quando uma turbina de avião misteriosamente caiu sobre seu quarto.

   A partir daí, o filme conseguiu criar um mistério capaz de dar um nó na cabeça de todos. Amador atrás das câmeras e com um total domínio sobre o tema, o cineasta e roteirista Richard Kelly impressionou a todos por ser sua estréia em longas-metragens. Com poucos pontos negativos na estréia de sua direção, é visível ver seu amadorismo em relação ao primeiro ato do filme pela falta de dinamismo em conectar os arcos narrativos em uma edição pouco precisa e certas tomadas disfuncionais utilizadas pelo diretor.    


   Em compensação, o roteiro complexo cheio de mistérios e referências exige uma enorme atenção do espectador em cada detalhe.  Nada esta a toa na trama, tudo é muito bem pensando como as letras das músicas, os personagens, o ambiente e certamente os diálogos. Para isso Kelly faz muito bem em conceder vários gêneros a trama, como a ficção, o suspense, o drama e até mesmo o romance. Sim! Um romance adolescente protagonizado nas excelentes interpretações de  Gyllenhaal e Jena Malone.


   Logo em seu primeiro filme como protagonista, Gyllenhaal se mostrara talentoso na pele do recluso e confuso Donnie, assim como Kelly atrás das câmeras. Outro grande acerto do cineasta é trabalhar no imprevisível – o público nunca sabe qual o rumo o filme irá tomar. Além de convidar o espectador nos anos 80 em um competente trabalho da fotografia, no design de produção e nas nostálgicas trilhas sonora da época composta com ‘Never Tear Us Apart’ e ‘Mad World’.

   Em um filme onde tudo é inserido de maneira meticulosa repleto de mensagens subliminares e posta a fazer o espectador questionar cada detalhe de sua trama. Mesmo depois de 15 anos, o grande mérito de ‘Donnie Darko’ é fazer todos comentarem seus mistérios nos dias atuais. E para muitos considerado um “clássico”.


NOTA: 9,3




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