Grande
parte das obras da escritora britânica Daphne du Marrier foram adaptadas para o
cinema. Para quem é pouco familiarizado, os clássicos ‘Os Pássaros (1963)’,
‘Rebecca’ e ‘Jamaica Inn (1939)’ adaptados por ninguém menos que Alfred
Hitchcock, são de sua autoria. Especialista em romances e mistérios, ‘Eu Te
Matarei, Querida’ comprova a aptidão da autora nesses dois elementos, mas nas
telas do cinema o cineasta Roger Michell não fez jus a tamanha qualidade de
Marrier.
‘My
Cousin Rachel’ (do original) conta a
história do jovem órfão Philip (Sam Claflin) que passa a suspeitar de sua linda
e misteriosa prima Rachel (Rachel Weisz) pelo assassinato de seu tutor Ambrose.
Em meio a encantos e mistérios, Philip fica cada vez mais confuso sobre suas
intenções.
Não
demora muito para a premissa instaurar de vez na tela. Tudo acontece muito
rápido no primeiro ato, os principais detalhes na trama são apresentados de
maneira apressada dificultando o entendimento do espectador e uma maior empatia
pelos personagens. Em conseqüência, os principais elementos da construção
narrativa não sustentam o segundo ato arrastado da produção.
Devido
a direção de Roger Michell não explorar gradativamente a essência da adaptação, o segundo ato poderia ter
dez minutos a menos e o terceiro ato menos apressado. Mas a chegada do último
ato muda o tom da trama com uma maior presença do suspense sobre a verdadeira
personalidade de Rachel. Assim, brilhou a atuação de Rachel Weisz desnorteando
a visão do espectador sobre a real intenção de sua personagem.
Quem
também está excelente é o ator Sam Claflin (‘Como Eu Era Antes de Você) e,
quando divide a tela com Rachel Weisz, ambos concedem uma forte carga dramática
e se destacam como uma das melhores atuações do ano até o momento. No elenco
também temos Iain Glen (o Jorah Mormont de ‘Game Of Thrones’), Holliday
Grainger (‘Cinderela’) e Simon Russell Beale, todos muito bem diante da
proposta da produção.
Mesmo com
um ótimo design de produção, uma fotografia luxuosa remetendo a prevalência de
um drama de época a um suspense, e um casal de atores excelentes, ‘Eu Te
Matarei, Querida’ não consegue se sustentar pelo seu fraco e previsível roteiro.
NOTA: 6,2
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