Você
nunca verá um filme parecido como ‘A Ghost Story’. Original, incomum,
inestimável, excêntrico e alegórico, o cineasta David Lowery (conhecido pelo
bom ‘Amor Fora da Lei’) criou sua própria linguagem cinematográfica e entrega
uma produção jamais vista nos últimos anos.
Muitos
vêm criticando um cinema saturado, pouco criativo e repleto de remakes, reboots
e afins. A questão é, quando um filme diferente entra em cartaz, muitos o
julgam como Cult e apenas vinculado para críticos. Mas a verdade é o filme ser “grande
demais para mentes pequenas” e, esse e mais um caso em ‘A Ghost Story’.
A
trama acompanha a serena e pacifica vida do casal C (Casey Affleck) e M (Rooney
Mara) morando em uma simples casa. Porém o pacifismo é rompido quando C é
encontrado morto em um acidente de carro e, um fantasma, representando pelo
lençol com dois buracos onde estariam seus olhos, retorna a residência tentando conectar com a esposa desolada.
A
direção assinada por David Lowery é interessantíssima ao maquilar o retrato
impulsivo e emotivo do sofrimento. Para isso, o filme foi rodado inteiramente
com planos quadrados e bordas arredondadas (em certas ocasiões até com vinheta)
remetendo a uma fotografia antiga, dando a sensação de um artefato antigo. Não
apenas isso, os planos estáticos e os cortes em fade foram essências para
denotar a forte metáfora do filme, mas exigindo muita paciência do espectador.
Com
o roteiro assinado pelo próprio Lowery, há pouquíssimos diálogos em ‘A Ghost
Story’. O diretor conta a sua história
através de imagens e na grande presença das músicas tanto diegéticas quanto
extradiegética para representar a mensagem da obra. Não há necessidade de diálogos, mas quando
tem a oportunidade reforça a imponência e o simbolismo do filme quando alguém
diz “We build our legacy piece by piece”.
É
bem verdade que o filme não deve agradar a todos que esperam assistir a um
terror, e pelo seu ritmo moroso. É curioso como Lowery lida com certas cenas
deixando a câmera parada enfatizando o tormento da personagem e essencial em
sua proposta, mas repito: exige paciência do público mesmo com seus noventa
minutos.
Mas a grande mensagem de ‘A Ghost
Story’ não é e a figura do fantasma representar o medo em si, mas sim uma forte
alegoria do tempo, da perda e do amor.
NOTA: 8,4
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