Stephen
King tem motivos de sobra para estar contente com suas adaptações no cinema e
na TV no ano de 2017. A começar pelo enorme sucesso de bilheteria em ‘It: A
Coisa’, seguido pela elogiadíssima adaptação ‘Jogo Perigoso’ tanto pelo público
quanto pela crítica. Na TV a excelente série Mr. Mercedes confirmou a segunda
temporada para 2018. E quem pensou que não teríamos mais nenhuma obra do
escritor, ‘1922’ confirma a boa fase carregando o selo da produtora Netflix.
Confesso
que ‘1992’ é meu conto favorito de King no livro ‘Escuridão Total Sem
Estrelas’, lançado em 2010. Na trama, o patriarca e fazendeiro Wilfred James
(Thomas Jane) decide assassinar sua própria esposa Arlette (Molly Parker) com a
ajuda de filho Henry (Dylan Schmid), a fim de solucionar seu problema
financeiro.
A
direção assinada por Zak Hilditch transforma ‘1992’ um filme retroativo através
das confissões redigidas do protagonista Wilfred James. Dessa maneira, Hilditch
conseguiu extrair a essência do longa-metragem: as conseqüências do assassinato
e não o assassinato em si. Conseqüentemente, os efeitos do ato mordaz têm muito
mais impacto narrativo incrementando o arco do protagonista em relação à causa.
Por
essas e outras, o ritmo do filme não se mantêm constante ao longo da projeção
oscilando em altos e baixos. Enquanto o primeiro ato é apresentado de forma
apressada até o grande ápice da trama, o segundo ato se torna mais prolongado
do necessário e ‘1922’ entrega cenas pouco surpreendentes para quem conhece o
livro. Exemplos, a cena da morte da esposa de Wilfred, a presença pouco
assustadora de Arlette e o sentimento de culpa do filho Henry é pouco explorado.
Em
contrapartida, o arco construído pelo protagonista antes e depois da morte é
transmitido com perfeição na atuação de Thomas Jane. Dentro dele, vemos um
homem frio, calculista e perverso tomando conta de seu espírito e sempre alegando
todos os fatos de seu filho. Já Dylan Schmid não oferece nenhuma carga
dramática quando é imposto, mas no elenco de apoio Molly Parker e Neal
McDonought estão ótimos mesmo em pouco tempo de tela.
Com
toques interessantes de Zak Hilditch em conduzir a narrativa extraindo a
verdadeira essência do conto e entregando cenas fortes/desagradável mesmo que
por alguns segundos. Fiel a obra original, ‘1922’ deve agradar bastante os fãs
do livro com exceção de seu final.
NOTA: 7,2
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