Estreias

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Crítica - 'Terra Selvagem (Wind River)'


    Taylor Sheridan vem se comprovando como um dos melhores roteiristas em atividade em Hollywood. Conhecido em seus ótimos trabalhos em ‘Sicário: Terra de Ninguém’ e o recente ‘A Qualquer Custo’, cujo este último trabalho rendeu cinco indicações ao Oscar, incluindo como melhor roteiro original. Dessa vez, Sheridan mostra seu talento também atrás das câmeras no suspense, ‘Terra Selvagem’.                       
      Baseado em fatos reais, a trama acompanha Cory (Jeremy Renner), um caçador de predadores traumatizado pela morte de sua filha adolescente, que encontra o corpo congelado de uma menina no meio da neve, na Reserva Indígena de Wind River, e decide iniciar uma investigação sobre o crime. Para sua ajuda, a agente novata do FBI Jane Banner (Elizabeth Olsen) é expedida para o local. 

  Visto em seus outros trabalhos, Sheridan repete a fórmula de entregar muito mais mesmo em uma narrativa relativamente simples. ‘Terra Selvagem’ é um típico filme do gênero suspense, mas ao mesmo tempo consegue ser relevante, intenso e até mesmo reflexivo. Parte disso vem do roteiro consistente, ricos em diálogos e abrangendo assuntos sociais controversos, dentre eles está a questão da perda, o racismo contra o povo indígena, e com uma forte mensagem em respeito às diferenças. 

  Com esses temas presentes na narrativa, a direção de Sheridan mescla os momentos de suspense com o drama com total controle. Se o foco está exclusivamente na investigação do crime, os subtextos paralelos têm total importância para a trama central retratando a vida pessoal dos personagens, visto em Cory e os pais da menina morta, Dan (Graham Greene) e Alice (Tantoo Cardinal). Ambos lidando com a dor da perda.       

   Se o grande mérito do roteiro está em retratar o lado calculista e emotivo de Cory, não podemos dizer o mesmo da agente do FBI Jane Banner. Sofrendo o preconceito dos nativos e lutando contra as adversidades do local – frio e complicações internas, a agente está presa a apenas uma personalidade e ficamos com a sensação de querer saber mais sobre ela. Em compensação, a atriz Elizabeth Olsen está ótima no papel, transmitindo toda a coragem e audácia de Jane Banner.         

   Quem também está muito bem em cena é Jeremy Renner. O ator trabalha todos os nuances de seu personagem desde a um caçador calculista, frio, mas emotivo nos momentos chaves da produção no que diz respeito a sua perda e ao valor da família. Assim como o ator Graham Greene que oferece cenas marcantes aqui.                 

  A fotografia assinada por Ben Richardson  relembra em partes o trabalho em ‘A Qualquer Custo’. Utilizando planos abertos valorizando os belos cenários, o clima gélido e frio combina perfeitamente com o suspense da narrativa. Já a trilha sonora se torna repetitiva e anuncia a iminência tornando nas cenas de tensão pouco impactante.           

   Mesmo entregando de mão beijada ao espectador a conclusão da investigação sem grande desenvolvimento do seu principal mistério. Com um final irretocável, ‘Terra Selvagem’ oferece muito mais do que uma simples narrativa de suspense, carimbando como um dos melhores filmes de suspense do ano e o talento de Taylor Sheridan mais como roteirista do que como cineasta.        
     

NOTA: 7,9

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