Taylor
Sheridan vem se comprovando como um dos melhores roteiristas em atividade em
Hollywood. Conhecido em seus ótimos trabalhos em ‘Sicário: Terra de Ninguém’ e
o recente ‘A Qualquer Custo’, cujo este último trabalho rendeu cinco indicações
ao Oscar, incluindo como melhor roteiro original. Dessa vez, Sheridan mostra
seu talento também atrás das câmeras no suspense, ‘Terra Selvagem’.
Baseado
em fatos reais, a trama acompanha Cory (Jeremy Renner), um caçador de
predadores traumatizado pela morte de sua filha adolescente, que encontra o
corpo congelado de uma menina no meio da neve, na Reserva Indígena de Wind
River, e decide iniciar uma investigação sobre o crime. Para sua ajuda, a
agente novata do FBI Jane Banner (Elizabeth Olsen) é expedida para o local.
Visto
em seus outros trabalhos, Sheridan repete a fórmula de entregar muito mais
mesmo em uma narrativa relativamente simples. ‘Terra Selvagem’ é um típico
filme do gênero suspense, mas ao mesmo tempo consegue ser relevante, intenso e
até mesmo reflexivo. Parte disso vem do roteiro consistente, ricos em diálogos
e abrangendo assuntos sociais controversos, dentre eles está a questão da
perda, o racismo contra o povo indígena, e com uma forte mensagem em respeito às
diferenças.
Com
esses temas presentes na narrativa, a direção de Sheridan mescla os momentos de
suspense com o drama com total controle. Se o foco está exclusivamente na
investigação do crime, os subtextos paralelos têm total importância para a
trama central retratando a vida pessoal dos personagens, visto em Cory e os
pais da menina morta, Dan (Graham Greene) e Alice (Tantoo Cardinal). Ambos
lidando com a dor da perda.
Se
o grande mérito do roteiro está em retratar o lado calculista e emotivo de
Cory, não podemos dizer o mesmo da agente do FBI Jane Banner. Sofrendo o
preconceito dos nativos e lutando contra as adversidades do local – frio e
complicações internas, a agente está presa a apenas uma personalidade e ficamos
com a sensação de querer saber mais sobre ela. Em compensação, a atriz
Elizabeth Olsen está ótima no papel, transmitindo toda a coragem e audácia de
Jane Banner.
Quem
também está muito bem em cena é Jeremy Renner. O ator trabalha todos os nuances
de seu personagem desde a um caçador calculista, frio, mas emotivo nos momentos
chaves da produção no que diz respeito a sua perda e ao valor da família. Assim
como o ator Graham Greene que oferece cenas marcantes aqui.
A
fotografia assinada por Ben Richardson relembra em partes o trabalho em ‘A Qualquer Custo’. Utilizando
planos abertos valorizando os belos cenários, o clima gélido e frio combina
perfeitamente com o suspense da narrativa. Já a trilha sonora se torna
repetitiva e anuncia a iminência tornando nas cenas de tensão pouco impactante.
Mesmo
entregando de mão beijada ao espectador a conclusão da investigação sem grande
desenvolvimento do seu principal mistério. Com um final irretocável, ‘Terra
Selvagem’ oferece muito mais do que uma simples narrativa de suspense, carimbando
como um dos melhores filmes de suspense do ano e o talento de Taylor Sheridan mais
como roteirista do que como cineasta.
NOTA: 7,9
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