‘Manifesto’
é a mais pura reflexão sobre o papel da arte no mundo contemporâneo. Fora das
estruturas narrativas convencionais, o cineasta alemão Julian Rosefeldt cria
sua própria linguagem cinematográfica e entrega o filme mais complexo,
reflexivo, provocador e conceituoso do ano, dispondo de um dos grandes talentos
do cinema, Cate Blanchett.
Baseado
em uma instalação artística realizado por Julian Rosefeldt em 2015 reunindo
treze manifestos consagrados, sob os mais variados temas. ‘Manifesto’ não tem
um roteiro ou uma ação central, mas sim uma forte conexão da representatividade
da arte em seu tempo passando por icônicos manifestos artísticos como, Fluxus,
Expressionismo, dadaísmo, Dogma 95, Pop Art, futurismo... Com Cate Blanchett
dedicando vida a diferentes textos, com treze personagens e nuances diferentes.
O
filme não tem como obrigação convidar o espectador a apresentar seus
manifestos, a seguinte frase “Faço um manifesto porque não tenho nada a
dizer...” e “não obrigo ninguém a me seguir” reflete sua particularidade a
cerca de suas variadas visões e reflexões sobre as facetas da arte
contemporânea. Em conseqüência, aqueles
devotos ao artista, a influência da arte e suas diferentes interpretações terão
uma experiência única, gratificante e jamais vista nas telas do cinema.
Diferente
de qualquer outro longa-metragem, ‘Manifesto’ não tem explicação. O filme está
apenas lá jogando uma enxurrada de textos complexos (aqueles ditos por artistas
no início do século XX) proferidos por
personagens incoerentes, posto a lugares
incomuns. Exemplo, temos Blanchett dando
vida a uma mulher em um velório recitando monólogos sobre o dadaísmo.
Em
outras palavras, o filme não é para qualquer um. O ritmo lento, planos
estendidos e textos carregados podem pesar para a maioria dos espectadores, sem
contar que todos os movimentos artísticos sempre chegam a questão: a função
revolucionaria da arte. Assim sendo, ‘Manifesto’ incide na repetição, mas ganha
força nos últimos trinta minutos
pela sua inventividade, humor e retratando manifestos artísticos mais
conhecidos.
E
finalmente chegamos a grande estrela do filme, Cate Blanchett. A atriz da um
show de interpretação dando vida a treze personagens completamente diferentes
entre si. Cada um deles tem sua própria identidade, seja pela sua linguagem
corporal, entonação, sotaque e devorando monólogos complexos.
‘Manifesto’
pode passar abatido por grande parte do público, mas carrega uma mensagem
adjacente poderosa à atualidade, no qual o papel do artista e da arte vem sendo
embate de grandes temas e subjugado por
tendências moralistas.
NOTA: 8,0
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