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terça-feira, 28 de novembro de 2017

Crítica - 'Manifesto'


    ‘Manifesto’ é a mais pura reflexão sobre o papel da arte no mundo contemporâneo. Fora das estruturas narrativas convencionais, o cineasta alemão Julian Rosefeldt cria sua própria linguagem cinematográfica e entrega o filme mais complexo, reflexivo, provocador e conceituoso do ano, dispondo de um dos grandes talentos do cinema, Cate Blanchett.    

     Baseado em uma instalação artística realizado por Julian Rosefeldt em 2015 reunindo treze manifestos consagrados, sob os mais variados temas. ‘Manifesto’ não tem um roteiro ou uma ação central, mas sim uma forte conexão da representatividade da arte em seu tempo passando por icônicos manifestos artísticos como, Fluxus, Expressionismo, dadaísmo, Dogma 95, Pop Art, futurismo... Com Cate Blanchett dedicando vida a diferentes textos, com treze personagens e nuances diferentes. 

   O filme não tem como obrigação convidar o espectador a apresentar seus manifestos, a seguinte frase “Faço um manifesto porque não tenho nada a dizer...” e “não obrigo ninguém a me seguir” reflete sua particularidade a cerca de suas variadas visões e reflexões sobre as facetas da arte contemporânea.  Em conseqüência, aqueles devotos ao artista, a influência da arte e suas diferentes interpretações terão uma experiência única, gratificante e jamais vista nas telas do cinema.         

   Diferente de qualquer outro longa-metragem, ‘Manifesto’ não tem explicação. O filme está apenas lá jogando uma enxurrada de textos complexos (aqueles ditos por artistas no início do século XX)  proferidos por personagens incoerentes, posto a  lugares incomuns.  Exemplo, temos Blanchett dando vida a uma mulher em um velório recitando monólogos sobre o dadaísmo.      

   Em outras palavras, o filme não é para qualquer um. O ritmo lento, planos estendidos e textos carregados podem pesar para a maioria dos espectadores, sem contar que todos os movimentos artísticos sempre chegam a questão: a função revolucionaria da arte. Assim sendo, ‘Manifesto’ incide na repetição, mas ganha força nos últimos trinta minutos pela sua inventividade, humor e retratando manifestos artísticos mais conhecidos. 

   E finalmente chegamos a grande estrela do filme, Cate Blanchett. A atriz da um show de interpretação dando vida a treze personagens completamente diferentes entre si. Cada um deles tem sua própria identidade, seja pela sua linguagem corporal, entonação, sotaque e devorando monólogos complexos.

    ‘Manifesto’ pode passar abatido por grande parte do público, mas carrega uma mensagem adjacente poderosa à atualidade, no qual o papel do artista e da arte vem sendo embate de grandes  temas e subjugado por tendências moralistas.   


NOTA: 8,0
                              

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