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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Crítica - 'Bom Comportamento'


    Uma das grandes injustiças para os artistas é serem estigmatizados por seus trabalhos anteriores e não terem a chance de provar seus verdadeiros talentos. Um desses exemplos é o ator Robert Pattinson que vem se destacando em suas últimas produções como em ‘The Rover (2014)’ e ‘Z: A Cidade Perdida (2016)’. Mas, dessa vez, ele entrega sua melhor atuação da carreira em ‘Bom Comportamento’, sob o comando dos cultuados cineastas Benny e Josh Safdie.

    ‘Bom Comportamento’ acompanha a trajetoria de Connie Nikas (Robert Pattinson), que junto de seu irmão, Nick (Benny Safdie), deficiente mental, roubam um banco. Após o assalto, Nick acaba sendo preso, restando a Connie embarcar em uma série de peripécias do submundo da cidade na tentativa perigosa de resgatar seu irmão da prisão.           

   Conhecido pelo trabalho ‘Amor Drogas e Nova York’, os irmãos Safdie imprimem seu próprio cinema autoral e apresentam essa proposta logo no início de ‘Bom Comportamento’. Com a câmera nervosa e constantes close-ups nos rostos dos atores, a sensação de instabilidade por meio da fotografia suja e crua, cujas cores foram filtradas por luzes fluorescentes reflete o semblante do protagonista. Ele, mesmo criminoso e imprudente, espelha um ar de pureza, porque lá dentro ainda vemos um bom rapaz. 

    Assim, cabe a destacar Robert Pattinson encontrando uma forma de carisma mesmo em um personagem odiado. Ele tem carinho com as pessoas que o cruzam, mas suas ações mostram mais sua verdadeira natureza. Enquanto, seu irmão Nick sofre pelas suas limitações e a falta de comunicação, Benny Safdie convence como um deficiente mental sem mesmo apelar para o exagero.                

   Enquanto um sofre pela solidão, perda de laço afetivo e o outro por suas limitações, a direção de Safdie retrata as distintas personalidades de seus personagens com maestria. Nessa odisséia envolvendo pessoas aleatórias, ‘Bom Comportamento’ perde seu ritmo quando insere ou omite personagens tornando sua narrativa fragmentada e  mais longo do que efetivamente é. A maneira como os cineastas percorrem por esses eventos com planos fechados podem incomodar alguns espectadores, mas sempre a favor da proposta do filme.      

    ‘Bom Comportamento’ é intimista, denso, impulsivo e sem um mínimo valor de distração, apenas com um incomodo final, mas deveras verdadeiro.


  NOTA: 7,8         

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