Nos
últimos anos, grandes produções LGBT vêm se notabilizando no cinema atual. Basta
relembrar os indicados ao Oscar dos últimos três anos e encontramos ‘Carol’
(2015), ‘Moonlight’ (2016) e agora o aclamado ‘Me Chame Pelo Seu Nome’. Nenhum
deles superestimados, todos com uma forte mensagem diante do cenário atual e
nada mais justo o novo longa do italiano Luca Guadagnino entrar nessa lista.
Baseado
no romance escrito pelo egípcio André Aciman, a trama acompanha as férias do
adolescente Elio (Timothée Chamalet) na casa de campo da família, situada do
norte da Itália em 1983. Criado por uma família de intelectuais, seu pai (Michael Stuhlbarg), historiador e
especialista em cultura grego-romana, recebe a visita do acadêmico Oliver
(Hammer), no intuito de ajudá-lo em sua pesquisa. Não demora muito para os dois
mostrarem um interesse mútuo.
O
grande acerto da direção de Guadagnino é a construção dos sentimentos a partir
de eventos corriqueiros e pontuais, evitando o teor moralista a trama e,
conseqüentemente, o julgamento. ‘Me Chame Pelo Seu Nome’ centra-se no
crescimento do adolescente Elio a fase adulta reforçando suas temáticas sobre o
autodescobrimento, maturidade e identidade sexual. O próprio jogo de câmera do diretor comprova
esse feito, administrando os planos abertos, médios e primeiros planos e, até
mesmo, evitando mostrar algo a mais, diante da serenidade narrativa e a crescente
tensão sexual do casal protagonista.

A
dinâmica agressiva e o relacionamento genuíno são realçados pelas ótimas
interpretações dos atores Chamalet e Hammer. Demonstrando um rapaz culto em
razão de sua criação, mas também inseguro em seus sentimentos envolvendo sua
namorada Marzia (Esther Garrel) e o acadêmico, Chamalet se entrega por inteiro
no papel. Já Hammer entrega sua melhor atuação da carreira, mostrando no começo
ser um rapaz egocêntrico, cativante e cortês, mas que depois se entrega as suas
emoções.
Enquanto
os dois são o centro em ‘Me Chame Pelo Seu Nome’, pouco se sabe sobre os
personagens secundários. A personagem Marzia serve mais como um artifício para
o desenvolvimento de Elio e pouco se conhece a sua, a mãe de Elio é
praticamente esquecida e quem sobra para brilhar é seu pai (Michael Stuhlbarg).
Mesmo sem um grande aprofundamento de sua profissão, seu monologo no final da
produção é digno de aplausos, merece ser compartilhado ao redor do mundo e
poderia finalizar o filme com chave de ouro.
‘Me
Chame Pelo Seu Nome’ sofre com alguns problemas de ritmo, poderia ter vinte
minutos a menos e demora para chegar em
seu principal objetivo. Mas veio para comprovar dois grandes nomes no cinema, Luca
Guadagnino (garantido no remake ‘Suspiria’) e Timothée Chamalet e trata seu
assunto com extrema elegância, comoção e autenticidade.
NOTA: 7,9
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