Mãe!
vem
dividindo opiniões ao redor do mundo e, como o próprio diretor Darren Aronofsky comenta, os dois lados têm o total direito de apreciar e depreciar. Minhas
memórias mais marcantes na sala do cinema são aquelas obras cinematográficas
que permanecem em nossa cabeça muito depois do filme acabar. A arte é subjetiva
por natureza, não precisa ser explicada, apenas sentida, e Aronofsky sabe muito
bem disso.
O
novo longa-metragem de Aronofsky é desagradável, impulsivo, constantemente
sombrio e perturbador. Nós somos conduzidos para dentro de um pesadelo
gradativamente intenso até chegar próximo do insuportável. Enquanto o primeiro
ato é inquietante, o segundo flerta com o horror e molesta, já o terceiro... É
bom ir se preparando!
Um
ponto curioso em Mãe! é a diferença entre
a sua essência e o seu real significado. Dessa maneira, apreciamos a sua narrativa
sem obrigatoriamente compreender o que exatamente estamos vendo em tela. O
filme de Aronofsky é sobretudo metafórico e a cada cena encontramos uma
alegoria diferente. Exigindo assim uma atenção a mais do espectador a cada
simbolismo e a interpretações diferentes.
Por
essas e outras quanto menos vocês souberem do filme melhor será a sua
experiência. Vamos então comentar aqui sua breve sinopse, buscando inspiração
para escrever seu novo poema, o escritor (Javier Bardem) e sua esposa (Jennifer
Lawrence) residem em uma casa isolada cercado por um belíssimo arvoredo. Certo
dia, eles recebem a visita de dois estranhos (interpretados por Michelle
Pfeiffer e Ed Harris), e eventos estranhos começam a acontecer.
Com
personagens sem nomes, Aronosfsky conta sua narrativa a partir da visão da
protagonista interpretada pela Jennifer Lawrence. Ela é o filme, ela é a Mãe!, e a câmera subjetiva, over the
sholder e em close-ups girando ao redor dela entrega um forte senso de
desorientação e claustrofobia deixando o público próximo a personagem. Tudo
isso é capturado de forma espetacular pela fotografia de Matthew Libatique
prevalecendo de quadros fechados, tornando cada cena sufocante.
Dessa
mesma maneira, o design de som também segue o mesmo caminho em intensificar o
transtorno, a agitação da protagonista intercalando entre o silêncio total aos
ruídos e tumultos dentro da casa. Assim,
o suspense psicológico ganha força na trama, pois sempre nos encontramos em estado
de iminência de que algo tenebroso está por vir, evocando ecos dos trabalhos de
Polanski na trilogia do apartamento envolto de metáforas à lá David Lynch.
E
finalmente chegamos nela, Jennifer Lawrence. Com todas as câmeras voltadas a
ela, a atriz oferece uma atuação intensa, com fortes reações ao ambiente
subversivo até o momento da loucura total. Por hora, vê como uma saída de sua
exaltação a figura de Javier Bardem que concede um ar de tranqüilidade –
Lawrence entrega a melhor atuação de sua carreira. Quem também está sensacional
mesmo com pouco tempo em tela é Michelle Pfeiffer, sua presença é descomunal. Para
completar o elenco, Ed Harris apresenta uma malicia disfarçada de seu
personagem muito intimista.
Em meio a tantas
alegorias, a trama pode ser interpretada
de várias maneiras ou até mesmo ser incompreensível. Em conseqüência, o publico
pode amar ou odiar. Mãe! é crítico, metafórico,
intenso, provocativo, difícil, fascinante, especialmente diferente e comprova
um fato: você sempre sairá diferente da sala do cinema após assistir um filme
de Aronofsky.
NOTA: 10
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