Estreias

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Crítica - 'Roma'


   Mesmo com uma filmografia curta em sua carreira, o cineasta Alfonso Cuarón chega a um patamar absurdo em seu novo projeto, ‘Roma’. Conhecido pelos ótimos ‘Filhos da Esperança’, o terceiro e mais elogiado capitulo da saga ‘Harry Potter’ e ‘Gravidade’, este último responsável pela sua conquista do Oscar de melhor diretor. Dessa vez, Cuarón chega a um nível surpreendente de fazer cinema e carimba de vez seu nome como um dos melhores diretores em atividade.      

   Baseado nas memórias efetiva do cineasta dedicando a obra àquela que fez parte de sua formação, a trama acompanha um ano da vida de uma família no México, em 1970, a partir do ponto de vista da empregada doméstica, Cleo (Yalitza Aparicio). 

    Em ‘Roma’, Alfonso Cuarón entrega o seu filme mais intimo e pessoal da carreira. Com sua direção optando pela cinematografia em 65mm preto e branco limpo e digital, a câmera estática e distante dos personagens movimentando suavemente nas horizontais, em meio tracking shots delicados e tomadas em 360º. Fornece a todos nós a experiência de sermos os fantasmas dessa comovente memória onde contemplamos uma vida regada de anseios, porventura, trivialidades, angústias, motivações e razões.   

  De um realismo assustador, ‘Roma’ proporciona um cinema verdadeiro, puro, genuíno e fascinante.  A excelência técnica de Cuarón é impressionante ostentando a câmera menos intrusiva vista há anos no cinema mundial e, por conseguinte, trazer um realismo as telas capaz de questionarmos se estamos realmente diante de um filme. A condução lenta, a valorização das trivialidades do dia a dia dos personagens, o fabuloso design de som e as conexões de cenas antagônicas em um único enquadramento tornam a obra imersiva e impactante.    
 
  Por essas e outras, o filme nos entrega cenas grandiosas e memoráveis em que cada um de nós irá se identificar com algumas delas. Mesmo que o ritmo lento desagrade alguns, ‘Roma’ é uma obra intimista, verossímil e convidativa as experiências sensoriais, partilhando os sentimentos mais íntimos de sua protagonista, Cleo.    

  Sensível, humano, verdadeiro e tocante, Alfonso Cuarón da uma aula de cinema em ‘Roma’ e nos motiva a olhar a nossa história, sem deixar de lado aqueles que fizeram parte de nossas essências.
 

NOTA: 9,1

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