Estreias

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Crítica - 'Na Praia de Chesil'



    O aclamado autor Ian McEwan apresenta no âmago de suas obras literárias, dramas complexos de amor no seio da sociedade britânica.  Foi assim em seu bestseller ‘Expiação’ lançado no cinema em 2007, e agora o escritor adapta o seu próprio romance em forma de argumento para entregar mais uma trama difícil com um subtexto fascinante em ‘Na Praia de Chesil’.

    A trama acompanha o jovem casal Florence (Saoirse Ronan) e Edward (Billy Howle), recém-casados, curtindo a lua-de-mel em um pequeno hotel próximo a praia de Chesil, em Dorset. Porém, à medida que se aproxima a consumação do casamento, as conversas e anseios ganham um grau de tensão e as diferenças ideológicas, cultural e comportamental do casal, coloca em prova o futuro do relacionamento.

   A direção assinada pelo estreante Dominic Cooke apresenta pontos altos e baixos durante sua produção. Apoiando-se nas espetaculares interpretações do elenco central de Ronan e Howle, ‘Na Praia de Chesil’, consegue fisgar a atenção do público não apenas pelas atuações, mas também pela forte empatia e amor do casal contemplado a partir dos flashbacks. Somos situados em diferentes anos, apresentando-nos os personagens em várias idades até o atual presente, antes da consumação do casamento.                                                                                                            



   Entretanto, tais flashbacks não são inseridos de maneira orgânica quebrando o ritmo da trama. Nesse quesito, a direção de Cooke se perde na edição e montagem negligenciando o tom da narrativa. Como conseqüência, a dramática cena à beira da praia de Chesil (excelente por sinal) e suas conseqüências, se tornam afoitas demais em relação aos dois primeiros atos do longa-metragem.

    Por mais intenso e comovente que seja seu último ato, faltou em ‘Na Praia de Chesil’ o peso carregado do casal após a grande objeção. Em contrapartida, tecnicamente, Cooke mostra-se um cineasta comprometido com sua cinematografia. Em meio a diferentes décadas, o design de produção e  a caracterização dos personagens, são um show à parte retratando os anos de 1962, 1975 e 2007.
    
      Apesar de não encontrar o equilíbrio em seu tom narrativo, ‘Na Praia de Chesil’ é um bom filme de romance, ao retratar os dilemas de uma relação nos anos 60, sem perder seu forte tom dramático, provando a devassidão da incomplacência, o peso do remorso e, acima de tudo, o verdadeiro significado do amor.


NOTA: 7,0



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